Novo presidente da Argentina criticou “perseguições ideológicas”.| Foto: JORGE ADORNO/Reuters

O novo presidente argentino, Mauricio Macri, pediu na segunda-feira (21) a libertação imediata dos presos políticos na Venezuela, uma demanda que a chanceler venezuelana repudiou, considerando-a uma ingerência, durante cúpula do Mercosul em Assunção, com uma agenda comercial dinâmica e espinhosa no campo político.

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A 49ª cúpula de líderes do Mercosul terminou na tarde de segunda-feira e esteve marcada pela ausência do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, antagonista ideológico do novo líder argentino.

Direitos Humanos

O chanceler Eladio Loizaga, do Paraguai, país que entrega a presidência temporária da Cúpula do Mercosul ao Uruguai, afirmou que foi discutido o estabelecimento de uma comissão que vigie os direitos humanos no bloco, como as que existem na ONU e na OEA

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“Peço expressamente a todos os presidentes a libertação imediata dos presos políticos na Venezuela”, disse o presidente argentino em sua estreia em uma cúpula da União alfandegária.

“Nos Estados que fazem parte do Mercosul não pode haver espaço para perseguições ideológicas”, acrescentou.

Na Venezuela, 75 líderes e estudantes estão presos. O mais conhecido é o líder da ala radical da oposição Leopoldo López, que foi condenado em setembro deste ano a quase 14 anos de prisão após um julgamento questionado por organizações de direitos humanos. Outro opositor, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, permanece sob prisão domiciliar.

Nas recentes eleições da Venezuela o Parlamento ficou amplamente dominado pela oposição, que prometeu aprovar entre suas primeiras leis uma anistia para estes presos.

90% dos bens

Este é o porcentual dos bens negociados com a União Europeia a ser abrangido no acordo, segundo a proposta do Mercosul. A negociação já dura 15 anos. Em 2004, uma troca de ofertas chegou a acontecer, mas sem acordo final. O processo foi retomado em 2010 e vários prazos têm sido fixados desde então

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Reação

A chanceler venezuelana Delcy Rodríguez ficou irritada com o pronunciamento de Macri e revidou: “Entendo que Macri queira pedir a libertação destes violentos (em referência aos presos políticos), porque uma de suas primeiras medidas de governo foi libertar os responsáveis por torturas e assassinatos da ditadura argentina (1976-1983)”,

Além de Macri, participaram da cúpula os presidentes dos outros países do Mercosul: Dilma Rousseff, o uruguaio Tabaré Vázquez e o anfitrião, Horacio Cartes. Também assistiram, como membros associados, a chilena Michelle Bachelet e o boliviano Evo Morales.

Demora na UE incomoda líderes latinos

Os líderes do Mercosul continuam tratando o acordo bilateral do bloco com a União Europeia como prioridade, mas demonstraram, durante a 49ª cúpula, contrariedade com a demora dos europeus em fechar as negociações.

A presidente Dilma Rousseff afirmou que a decisão “está do outro lado do Atlântico”. “Queremos concluir um acordo ambicioso, abrangente e equilibrado com a União Europeia”, discursou. Ela cumprimentou o empenho do presidente do Paraguai, Horacio Cartes, na concretização do acordo e afirmou que os membros do Mercosul já deixaram claro que estão prontos para fazer ofertas”.

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Antes de Dilma, o anfitrião Cartes já tinha dito que o bloco cumpriu seu objetivo de ter uma oferta de bens pronta para o bloco europeu e tem condições de iniciar a troca em 2016. O recém-empossado presidente argentino, Mauricio Macri, também defendeu o acordo como prioridade do bloco.

No entanto, o comunicado final não traz menção às negociações. Segundo o ministro da Indústria do Paraguai, Gustavo Leite, não seria colocando o tema no comunicado mais uma vez que as negociações chegariam à conclusão.