Atualizada no domingo, dia 09 de julho, às 21h31
Militantes xiitas atacaram um distrito sunita árabe de Bagdá no domingo, baleando dezenas de pessoas, num dos mais sangrentos ataques de rua já registrados no país, o que reforça os temores de que o Iraque esteja à beira de uma guerra civil sectária.
No fim da tarde de domingo, dois carros-bomba explodiram perto de uma mesquita xiita no nordeste de Bagdá, matando 19 pessoas e ferindo 59, disse a polícia. Disparos ecoaram por duas áreas sunitas.
Homens armados mataram pelo menos 42 pessoas no distrito de Jihad, no oeste, informaram fontes do Ministério do Interior. É provável que essa violência forneça mais argumentos aos que pedem que o primeiro-ministro Nuri al-Maliki enfrente as poderosas milícias do país, que muitos consideram responsáveis pela violência sectária.
Miltantes xiitas decretaram um toque de recolher num distrito xiita no oeste de Bagdá, aparentemente num ato de precaução depois dos ataques contra bairros sunitas. Entre as vítimas estão mulheres e crianças.
Muitas das vítimas foram mortas depois de serem arrancadas de seus carros, em falsos postos de verificação da policia, perto de uma mesquita xiita onde um carro-bomba matou três pessoas no sábado.
A polícia e políticos sunitas disseram que falsos comandos da polícia realizaram as chacinas e responsabilizaram a milícia do Exército Mehdi, do clérigo xiita Moqtada al-Sadr, pelas mortes do domingo. Representantes do movimento de Sadr, que fazem parte do bloco islâmico xiita de Maliki, negaram, porém, qualquer envolvimento na violência.
Repórteres da agência de notícias Reuters viram quatro corpos numa rua, todos baleados e amarrados e v rios com os olhos vendados, em mais um indício do agravamento do derramamento de sangue que atinge o Iraque desde a explosão de bombas numa mesquita xiita muito reverenciada, em 22 de fevereiro. A violência é um golpe ao plano de reconciliação nacional de Maliki, que tenta encerrar o derramamento de sangue entre os xiitas, como ele, e os sunitas, que antes dominavam a vida pública do Iraque.
Fontes da polícia e do Ministério do Interior disseram que pistoleiros xiitas percorreram o distrito de Jihad, verificando os documentos das pessoas, em busca de nomes tipicamente sunitas. Um disse que homens sunitas foram agrupados em ruas laterais e mortos a tiros.
- Pistoleiros estão matando civis sunitas, segundo seus documentos de identidade - disse à Reuters uma fonte do Ministério do Interior.
Um importante político xiita disse que combatentes do exército Mehdi do leste de Bagdá se deslocaram para o distrito de Jihad no domingo, mas insistiu que eles estavam atacando apenas militantes sunitas supostamente responsáveis pela morte de xiitas.
- Há muitos grupos terroristas em Jihad, que matam famílias xiitas, de forma que eles foram lá para combatê-los - disse.
Forças iraquianas impuseram um toque de recolher em Jihad depois dos tiroteios e o presidente Jalal Talabani, que é curdo, fez um apelo pela unidade.
Funcionários do principal hospital no oeste de Bagdá disseram que receberam 29 corpos de Jihad, superlotando seu necrotério. Há informes de mais corpos nas ruas, disseram.
A assessoria de imprensa do Ministério do Interior e militares dos Estados Unidos disseram que o número de corpos encontrados era menor, 12.