Subiu para pelo menos 65 o número de mortos em uma explosão em um parque na cidade de Lahore, capital da província de Punjab, no leste do Paquistão, neste domingo. A informação foi divulgada por um porta-voz do governo de Punjab, Zaeem Qadri. Segundo ele, os feridos somam 300.
Ainda de acordo com o porta-voz, o ministro-chefe da província, Shahbaz Sharif, anunciou luto oficial de três dias e prometeu levar os responsáveis pelo ataque a julgamento. Muitos dos feridos estão em estado grave, disse Salman Rafiq, assessor de saúde do ministro-chefe.
A explosão ocorreu perto de um brinquedo para crianças no parque Gulshan-e-Iqbal, disse o chefe de polícia local, Haider Ashraf. Segundo ele, a explosão parece ter sido um atentado suicida, mas as investigações estão em andamento.
Na área, havia muitos cristãos que celebravam a Páscoa. Além disso, várias famílias deixavam o parque no momento da explosão, de acordo com Ashraf.
A autoridade do setor de segurança disse que o parque foi cercado por guardas e seguranças privados. “Nós estamos em uma situação de guerra e existe sempre uma ameaça geral, mas não havia sido recebido nenhum alerta de ameaça específico para esse local”, acrescentou ele.
Imagens de emissoras paquistanesas mostraram cenas caóticas no parque, com pessoas correndo enquanto levavam crianças em meio aos feridos. Uma testemunha não identificada disse que caminhava com a família quando ouviu uma grande explosão, que levou ele, sua mulher e seus dois filhos para o chão.
Tensão
A província de Punjab é tradicionalmente mais pacífica do que outras partes do Paquistão. A oposição acusa o governo local de tolerar as milícias em troca de paz na região, o que é negado fortemente pelas autoridades.
Em 2014, o Paquistão lançou uma ofensiva contra o Talibã e grupos jihadistas, para impedi-los de lançar ataques no Paquistão e no Afeganistão. Em novembro do mesmo ano, um atentado suicida dos talibãs em Wagah, na fronteira com a Índia, matou mais de cinquenta pessoas.
Nos últimos anos, as igrejas têm sido alvos de ataques em Lahore, reduto do primeiro-ministro Nawaz Sharif, na província de Punjab.
No Paquistão, grupos islâmicos armados atacam com frequência a minoria cristã, que representa cerca de 2% da população deste país muçulmano, predominantemente sunita, de 200 milhões de habitantes.
Alguns cristãos também foram acusados de ter ofendido o Islã, um crime punível com a pena de morte no Paquistão, segundo uma lei controversa de blasfêmia.
Protesto
Neste domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 25 mil partidários de Mumtaz Qadri, um islamita executado no mês passado por matar em 2011 o governador de Punjab, Salman Taseer, que se manifestavam em Rawalpindi.
Mumtaz Qadri tinha reivindicado o assassinato, alegando querer vingar Salman Taseer, um político progressista que havia defendido Asia Bibi, uma cristã condenada à morte por blasfêmia.
A manifestação de Rawalpindi não foi transmitida pelos canais de notícias, uma vez que os meios de comunicação estão sujeitos a uma censura crescente do Estado que não quer ver esse tipo de protesto crescer no resto do país.
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