O número de mortos pelo terremoto de magnitude 8,8 que atingiu o Chile no sábado chegou a 802, informou na quarta-feira o subsecretário do Interior, Patricio Rosende.
Segundo a presidente chilena, Michelle Bachelet, essa cifra seguramente vai aumentar.
"Tenho a impressão de que vai haver mais mortos", declarou Bachelet em entrevista a uma rádio nesta quarta-feira.
Busca por vítimas
Equipes de resgate trabalhavam com cães farejadores na quarta-feira nas cidades e povoados chilenos mais castigados pelo terremoto na esperança de encontrar sobreviventes quatro dias após o tremor devastador.
O terremoto de magnitude 8,8 que sacudiu a área central e sul do Chile no sábado. Policiais e soldados acionados para tentar conter os saques e a violência nas áreas afetadas conseguiram manter a ordem na cidade de Concepción, 115 quilômetros ao sudeste do epicentro do sismo.
O toque de recolher permanecia vigente em Concepción, uma das várias cidades e povoados onde 7.000 soldados patrulhavam as ruas para manter a ordem e assegurar a distribuição apropriada de água e alimentos.
Com a chegada da ajuda agora mais organizada à população, as equipes de resgate reforçaram a buscas nas áreas entre Concepción e Constitución, no norte, para tentar achar sobreviventes presos sob os escombros.
Até o momento o governo confirmou a morte de 802 pessoas, vítimas de um dos terremotos mais fortes registrados em um século ou pelo tsunami que o sismo desencadeou na costa chilena.
O número de mortos deve aumentar, considerando os relatos de que o número de desaparecidos chegaria 500 só em Constitución. A cidade, com uma população de quase 40.000 habitantes, concentra cerca de metade do número oficial de mortos.
As autoridades alertaram que muitos dos desaparecidos poderiam ter fugido em busca de segurança e estariam sem conseguir comunicação com seus familiares devido aos danos sofridos pelas linhas telefônicas.
Oficialmente, o governo indica que a cifra de desaparecidos chega a 19, com base em casos específicos registrados na polícia. Mas autoridades reconhecem que o número pode ser muito maior.
Com os saques em grande parte sob controle, as autoridades enviaram grupos com cães treinados para buscar sobreviventes e corpos presos entre os escombros.
Muitos chilenos denunciam que dezenas de mortes poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse dado uma resposta mais vigorosa ao sismo, que desencadeou um poderoso tsunami poucas horas depois, deixando muitos mortos na costa.
O governo da presidente Michelle Bachelet reconheceu que as ações de resgate foram lentas, em parte devido às rodovias interditadas, pontes que despencaram e cortes de energia. Mas autoridades também calcularam mal a magnitude dos estragos, rejeitando inicialmente as ofertas de ajuda internacional.
A tragédia atingiu o Chile, principal produtor de cobre do mundo e país que detém a economia mais estável da América Latina, no momento em que tentava se recuperar da recessão causada pela crise financeira global.
Alguns analistas estimam que os estragos pelo terremoto poderiam custar ao Chile até 30 bilhões de dólares, ou cerca de 15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Mas Bachelet enfatizou que ainda é cedo para quantificar o dano no momento em que o foco se mantém nas ações de assistência.
A tragédia representa um grande desafio para o empresário Sebastián Piñera, que assumirá a presidência do Chile no dia 11 de março.
Piñera baseou sua campanha em promessas de aumentar o crescimento econômico em uma média de 6 por cento anual e criar milhões de novos empregos. O presidente eleito declarou que o terremoto não alterou seus objetivos econômicos.