As nuvens do vulcão Puyehue, que entrou em erupção no final de semana no Chile, chegaram nesta terça-feira (7) ao espaço aéreo brasileiro, informou a FAB (Força Aérea Brasileira). As nuvens atingiram a fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai.
Segundo o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), órgão do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), a camada de fumaça está concentrada na faixa de 5.200 a 7.600 metros de altitude.
"No momento, as nuvens afetam uma pequena porção do espaço aéreo brasileiro próximo a fronteira com o Uruguai", informou o major Antonio Marcio Ferreira Crespo, gerente nacional do fluxo de tráfego aéreo.
Segundo ele, há previsão de modificação de rotas e destinos de forma que as aeronaves não pousem em aeroportos impactados pelas nuvens. Até a tarde desta terça, no entanto, o maior impacto nos aeroportos brasileiros está, segundo o major, "muito mais relacionado a problemas meteorológicos do que propriamente em relação a nuvens vulcânicas".
Voos entre o Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Peru foram prejudicados nesta terça em razão da nuvem de cinzas do vulcão Puyehue, no Chile, segundo as principais companhias aéreas e a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) dos aeroportos internacionais brasileiros.
"Não existe possibilidade de essa nuvem impactar o aeroporto de Porto Alegre, salvo em acontecendo alguma modificação muito significativa no comportamento de uma frente fria que está vindo da região Sul e poderia causar algum impacto, mas no momento a previsão não denota impacto em Porto Alegre", afirmou.
Os dados mais recentes foram apresentados nesta tarde, segundo a FAB, no Rio de Janeiro, a representantes de empresas aéreas, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
O centro informou que acompanha a evolução da nuvem por meio de informações trocadas com o Volcanic Ash Advisory Centres da Argentina, instituto responsável pelo monitoramento da situação. O CGNA monitora a mudança de destinos das aeronave e os desvios necessários para que os voos não atravessem a área de risco.
"Proteção fria"
Manuel Rangel, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), afirmou ao G1 que as nuvens do vulcão se confundem com uma frente fria localizada sobre o Uruguai.
Segundo ele, em razão dela e de outra frente, atualmente sobre o Paraná e Santa Catarina, dificilmente a fuligem deve prejudicar voos na região Sul do país. "Essas nuvens se confundem com a frente fria, e essas duas frentes devem trazer chuva. Essa umidade deve ajudar limpando essa fuligem", afirmou.
Segundo Rangel, as frentes atuam "protegendo" o país da chegada das nuvens vulcânicas. "É preciso ver amanhã [quarta-feira] se haverá mudanças, mas, por enquanto, a tendência é que essas nuvens não cheguem com força ao Brasil."
De acordo com a FAB, ao longo do dia, o cenário previsto pelo centro argentino mudou. Inicialmente, havia a possibilidade de que as cinzas chegassem ao Sudeste do país na noite desta terça e que a camada fosse maior. Ao longo da tarde, no entanto, foi descartado impacto no Aeroporto Salgado Filho, no Rio Grande do Sul.
Ainda conforme o centro, se mantidas as atuais condições meteorológicas na região, a nuvem deve ficar restrita à fronteira do Brasil com o Uruguai, em uma altitude mais elevada.
As nuvens vulcânicas apresentam em seu componente material semelhante ao vidro que, em contato com as turbinas, pode derreter e provocar danos, até o apagamento dos motores das aeronaves, segundo o tenente coronel aviador Flavio Antonio Coimbra Mendonça, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). "Além disso, há o risco da falta de visibilidade e dos gases tóxicos para as tripulações e passageiros", afirmou.
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