O paranaense Avonir Funes (de braços cruzados) passou horas na fila em frente da Embaixada Brasileira em Santiago, de onde saiu sem orientação| Foto: Elenice Glinski

O casal Avonir Funes e Elenice Glinski passava a última noite de férias no Chile, antes de retornar a Irati, no Sul do Paraná, depois de sete dias fora, quando ocorreu o terremoto. "Só agora, com 41 anos, é que descobri o que é o pavor", conta o economista.

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Depois do susto das primeiras horas e após as dezenas de réplicas, vieram também as dúvidas sobre como voltar para casa. "Nosso voo estava marcado para às 14h15 de sábado, mas naquele dia não conseguimos falar com a companhia aérea, com a embaixada brasileira ou com o consulado. Na embaixada, um telefone não atendia e o outro passava um número de emergência que caía numa gravação. A gente gravava o recado, mas não acontecia nada. Há uma loja da TAM aqui do lado do hotel onde estamos, mas ela permaneceu fechada e sem nenhum aviso na porta", diz Avonir.

Ontem o casal foi até a embaixada, onde disseram a Avonir que mais de 300 brasileiros já haviam sido atendidos. No entanto, os dois voltaram para o hotel sem informações de como podem retornar ao Brasil. "Havíamos conseguido falar com a TAM, que nos orientou a, por nossa conta e risco, pegar um ônibus até Mendoza, na Argentina, e de lá tentar um voo para o Brasil. Mas na embaixada disseram que o caminho era muito perigoso, que passaríamos pelos Andes e que não teríamos como saber se a estrada estaria livre. O próprio trajeto que nos liga ao aeroporto está interrompido", diz.

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Situação pior enfrentaram brasileiros que Avonir encontrou na embaixada. "Várias pessoas disseram que estavam sendo obrigadas a deixar o hotel, já que as reservas haviam expirado. O pessoal do nosso hotel está tranquilo por enquanto, mas logo vai faltar comida. Muitos mercados estão fechados e os donos com medo de abrir as portas", conta.

Retorno

Um grupo de 12 brasileiros, cuja identidade não foi divulgada, foi trazido de volta do Chile ontem. Eles pegaram ca­­rona em um avião da FAB que havia levado o ministro da Justiça e o procurador-geral chilenos, que estavam no Bra­­sil, de volta a Santiago, a pedido do governo de Michelle Bachelet. Segundo o Comando da Aeronáutica, a seleção dos passageiros ficou a cargo da Embaixada do Brasil em San­­tiago. Nove eram civis e três, militares. Em Brasília, o Ita­­maraty afirmou que cerca de 200 brasileiros pediram ajuda à representação diplomática no Chile para voltar ao Brasil.

A agência de notícias France Presse afirma que já há voos internacionais pousando em Santiago, em caráter excepcional. As decolagens continuavam canceladas, devido a danos no setor de passageiros. A normalização do aeroporto ainda deve levar pelo menos 24 horas.

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