O presidente Barack Obama já embarcou para visitar a costa do Golfo do México nos Estados Unidos neste domingo (2), enquanto seu governo procura desviar críticas segundo as quais poderia ter reagido mais rapidamente a um enorme vazamento de petróleo que ameaça se transformar em catástrofe econômica e ambiental.
Os esforços para conter o vazamento e proteger o litoral continuaram no sábado, mas foram limitados pelas ondas altas causadas por ventos fortes, disseram autoridades.
As autoridades norte-americanas reconheceram no sábado que é "inevitável" que o óleo do vazamento descontrolado no Golfo do México chegue ao litoral dos EUA, provavelmente começando pelo Estado da Louisiana.
Membros do gabinete de Obama, incluindo os secretários de Segurança Interna e do Interior, iriam aparecer em jornais televisivos na manhã de domingo para comentar a reação do governo ao desastre.
Os assessores de Obama disseram no sábado que o presidente está "totalmente engajado" desde o começo com o monitoramento do problema crescente.
"Há óleo suficiente lá fora para que seja lógico pensar que vai atingir o litoral. É apenas uma questão de onde e quando", disse o oficial da Guarda Costeira americana Thad Allen. "É a Mãe Natureza quem vota neste tipo de coisa."
O litoral da Louisiana à Flórida está ameaçado pela mancha de óleo, que se estima esteja cobrindo uma área de 208 por 112 quilômetros e que ainda está aumentando. Muitas das comunidades que estão no caminho da mancha são as mesmas que foram devastadas pelo furacão Katrina em 2005.
O petróleo que jorra descontrolado da explosão na plataforma de perfuração Deepwater Horizon e de um poço rompido a cerca de 68 quilômetros da costa do Louisiana foi empurrado para o norte, em direção à costa, por ventos fortes, mas que mudam de direção.
No sábado, a extremidade avançada da mancha envolveu a pequena comunidade pesqueira de Venice, a 121 quilômetros a sudeste de Nova Orleans. Autoridades dizem que dentro de três ou quatro dias as costas do Mississippi e Alabama podem estar em risco.
Importantes rotas de transporte marítimo, áreas pesqueiras, refúgios nacionais de fauna silvestre e praias populares estão no caminho da sopa de petróleo. Até agora os corredores marítimos vitais que levam ao rio Mississippi e aos enormes portos da Costa do Golfo não foram afetados, disseram autoridades.
A região litorânea do Golfo do México e suas áreas pantanosas abrigam centenas de espécies de fauna silvestre, incluindo peixes-bois, tartarugas marinhas, golfinhos, toninhas, baleias, lontras, pelicanos e outras aves.
O Golfo é também uma das áreas pesqueiras mais férteis do mundo, repleta de camarões, ostras, mexilhões, caranguejos e peixes. Sua indústria pesqueira movimenta 1,8 bilhão de dólares e perde apenas para a do Alasca.
Pior vazamento de óleo da história dos EUA
O incidente pode acabar rivalizando com o desastre do Exxon Valdez no Alasca em 1989, o pior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos.
O derramamento de óleo proveniente da plataforma da companhia britânica British Petroleum (BP), que explodiu no Golfo do México, pode ser pior que o vazamento do navio Exxon Valdez no Alasca em 1989, afirmou o secretário do Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar, à rede CNN. "O pior cenário que nós poderíamos ter é o de um vazamento de 100 mil barris de óleo ou mais", alertou Salazar.
A BP e o governo norte-americano mantiveram na semana passada as suas estimativas de que estejam vazando 5.000 barris de óleo por dia em águas bem profundas do Golfo do México. Mas a secretária de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, disse à ABC News que a taxa de vazamento poderia ser muito maior. "Agora ela poderia estar na casa das dezenas de milhares de litros por dia, de barris por dia", acrescentou a secretária.
O almirante da Guarda Costeira, Thad Allen, disse que seu maior medo é que poderão vazar 100 mil barris por dia, se o poço quebrar. Técnicos dizem que a tubulação do poço parece ser ondulada, reduzindo a taxa potencial de vazamento.
Especialistas do setor disseram, na sexta-feira, com base em imagens de satélite e índices de medição, que estejam vazando entre 20 mil barris e 25 mil barris de óleo por dia. Se essas taxas forem precisas, o vazamento já poderia rivalizar com os 41 6 milhões de litros derramados pelo navio Exxon Valdez, que devastou econômica e ambientalmente parte do Alasca.
Allen disse que três fendas já foram encontrados no poço da BP. Questionado se a taxa de 25 mil barris por dia era precisa, o presidente da BP America, Lamar McKay, afirmou à ABC que as suas próprias estimativas eram "muito, muito incertas."
O executivo defendeu, neste domingo, o registro de segurança da BP e disse que "um defeito em uma peça do equipamento" foi a causa do maciço vazamento de óleo no Golfo do México, para onde o presidente dos EUA, Barack Obama, se dirigiu neste domingo a fim de ter um relatório atualizado em primeira mão sobre a situação. O óleo está se espalhando em direção à costa norte-americana.
McKay disse à ABC que não poderia dizer quando o poço poderá ser fechado. Mas ele afirmou que uma tampa poderá ser colocada sobre o poço em seis ou oito dias.
As equipes têm tido pouco sucesso em conter o fluxo do óleo ao largo da costa da Louisiana ou removê-lo da superfície da água, queimá-lo ou dispersá-lo com produtos químicos. Especialistas alertaram que o vazamento descontrolado poderia criar um cenário de pesadelo se a atual corrente do Golfo transportar o óleo em direção ao Atlântico.