Tegucigalpa - A ONG de direitos humanos Comitê de Familiares de Prisioneiros Desaparecidos de Honduras (Cofadeh) denunciou ontem que ao menos 12 pessoas morreram violentamente e dezenas ficaram feridas desde 28 de junho, quando um golpe de Estado derrubou o presidente Manuel Zelaya.
Também ontem, quatro relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) expressaram "grave preocupação pelas violações dos direitos humanos desde que Zelaya voltou, clandestinamente, a Honduras, em 21 de setembro. O presidente deposto está refugiado na Embaixada brasileira em Tegucigalpa.
"Temos investigado e documentado adequadamente os casos de 12 pessoas que morreram de forma violenta, na maioria resultado da repressão da polícia a manifestações populares e estamos completando a informação sobre outros dois, disse Berta Oliva, presidenta do Cofadeh.
O último caso registrado pela ONG foi Wendy Avila, 24 anos, que morreu na semana passada de um colapso respiratório por causa das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia contra um grupo de manifestantes.
"Além disso, temos dezenas e dezenas de denúncias de pessoas que foram feridas e atacadas nos protestos, disse Oliva, que citou como exemplo o candidato presidencial independiente Carlos H. Reyes, que se recupera de uma lesão em um dos braços.
As autoridades hondurenhas reconhecem a morte de apenas três manifestantes da oposição. O primeiro deles morreu em 5 de julho passado, quando milhares de apoiadores de Zelaya foram ao Aeroporto Internacional de Tegucigalpa para receber o presidente deposto. O Exército tomou a pista do aeroporto e proibiu o pouso do avião que trazia Zelaya. As autoridades dizem, contudo, que não sabem com certeza de onde veio o tiro que matou o manifestante.
Desde a volta do presidente deposto Zelaya a Honduras, em 21 de setembro passado, as forças de segurança de Honduras ampliaram a segurança nas ruas de Tegucigalpa e enfrentaram diversas vezes grupos de manifestantes.
Presos
Oliva afirmou ainda que 96 pessoas enfrentam julgamentos por atentar contra a segurança do Estado. Destas, seis estão presas em vários presídios do país.
A presidente da Cofadeh afirmou ainda que vários líderes da oposição receberam ameaças de morte, entre elas Reyes, o líder agrário Rafael Alegría, a deputada esquerdista Silvia Ayala e o ativista de direitos humanos Andrés Pavón.
A Cofadeh, criada na década de 80 por familiares de 180 pessoas desaparecidas, estuda a possibilidade de apresentar denúncias formais a organismos internacionais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos ou a Corte Penal Internacional.