Atualizado em 21/07/06 às 11h30
Um ônibus com 52 brasileiros deixou o consulado do Brasil em Beirute por volta das 7h30 (1h30 em Brasília) desta sexta-feira (21) com destino a Adana, na Turquia. Segundo informações do consulado em Beirute, os brasileiros que partiram nesta manhã têm passagens aéreas próprias para seguir viagem a partir de lá e não vão precisar da ajuda da Força Aérea Brasileira.
Cerca de mil brasileiros estariam espalhadas em aldeias e cidades no Vale do Bekka, região que está sendo bombardeada e cujas estradas foram destruídas. Três vôos da Força Aérea Brasileira com capacidade para 380 pessoas já estão marcados para sair de Adana entre domingo e terça-feira.
Em entrevista por telefone à GloboNews, o embaixador Cesário Melantônio disse que o governo brasileiro não está considerando o uso de navios para retirar os brasileiros que desejam fugir do Líbano. Ele não soube precisar quantos brasileiros querem sair do país, dizendo apenas que se contam às centenas.
Melantônio disse que o escritório de emergência montado na cidade de Adana para atender os brasileiros tem condição de dar apoio aos cidadãos que não possam viajar imediatamente para a capital, Istambul, ou para cidades européias que tenham vôos para o Brasil. A cidade conta com boa infra-estrutura hoteleira, mas o diplomata não precisou se o governo brasileiro apoiaria financeiramente aqueles que por uma razão ou outra - vaga no avião brasileiro, por exemplo - não consigam embarcar imediatamente em Adana.
Brasileiros desamparados
Brasileiros que estão no Líbano criticam o governo brasileiro pela demora na retirada. A crise na região já matou pelo menos sete brasileiros, cinco deles de Foz do Iguaçu, na região Oeste do Paraná.
Não são só os brasileiros que estão no Líbano que reclamam do governo. Em Londrina, Norte do Paraná, Najila Slaibi diz que não consegue contato com a Embaixada do Brasil em Beirute e nem com o Itamaraty em Brasília. A assessoria do Itamaraty informou que está recebendo muitas ligações o que pode congestionar as linhas.
Najila busca informações de como trazer para o Brasil a mãe, Zeinab Slaibi, que viajou para o Líbano de férias. Zeinab chegou no país no dia em que começou o conflito. De acordo com a filha, ela deixou o aeroporto de Beirute três horas depois que ele foi bombardeado. Zeinab contou à reportagem do Paraná TV, por telefone, que está num bairro cristão que não foi atingido.
A brasileira Amanda Sadim Ghannoum contou ao "Globo Online", por email, que sente medo e vergonha.
"Sou brasileira casada com libanês residente no Líbano. Gostaria de pedir ajuda para todos os brasileiros que estão precisando do governo brasileiro! Quero protestar porque o governo brasileiro não está ajudando o seu cidadão! Ao contrário das embaixadas de todos os países, o Brasil é o único que não faz absolutamente nada! Todos os países estão evacuando cada cidadão dentro do Líbano. A embaixada brasileira apenas informa que por enquanto não pode fazer nada, está esperando o governo tomar uma decisão."
Mesma queixa tem a libanesa naturalizada brasileira Manwa Raja El Bana, que está com o filho, que nasceu no Brasil, em viagem ao Líbano. Falando à GloboNews por telefone, ela disse a mesma coisa sobre a missão diplomática brasileira.
"Falam que eles não podem fazer nada no momento, que o governo não está ajudando, que não tem avião para levar a gente. Não estão fazendo nada."
Outros países
Outros países que têm cidadãos no Líbano estão usando aviões também, mas navios têm sido o principal meio de transporte para retirar as pessoas que desejam fugir do país. Os americanos alugaram um navio de cruzeiro que retirou, na quarta-feira, 1.100 pessoas.
A Austrália chegou a usar ônibus até a Síria, bem como a Bélgica, a Irlanda e a Índia. Já a Grã-Bretanha tem navios de guerra no porto de Beirute, que, segundo diplomatas e comandantes das operações de evacuação , está congestionado.
A França está usando ferry boats para Chipre. A Suécia usou ferry para a Turquia. E a própria ONU vai retirar funcionários e seus parentes de barco.
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