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Uma advertência da Organização das Nações Unidas (ONU) de que as geleiras do Himalaia estavam derretendo mais rapidamente do que em qualquer outro lugar do mundo e que poderiam desaparecer até 2035 está mal fundamentada cientificamente, admitiu nesta quarta-feira (20) o painel do clima da ONU (IPCC). A informação no relatório "refere-se a estimativas com poucas comprovações sobre a taxa de derretimento e a data do desaparecimento dos glaciares himalaios", disse o IPCC. "Ao escrevermos o parágrafo em questão, os padrões claros e bem estabelecidos de evidências, exigidos pelos procedimentos do IPCC, não foram aplicados corretamente."

As afirmações sobre as geleiras himalaias, parte do volumoso relatório do grupo que venceu o Prêmio Nobel em 2007 junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore, eram pouco conhecidas até o jornal "The Sunday Times" dizer que a projeção parecia ser baseada em uma matéria jornalística.

Os líderes do IPCC investigam como a previsão foi parar no relatório, disse Chris Field, diretor do departamento de ecologia do Instituto Carnegie para Ciência. O painel da ONU não deu novas estimativas sobre quando os glaciares do Himalaia podem desaparecer, mas disse que "grandes perdas de glaciares e reduções na cobertura de neve nas últimas décadas devem se acelerar no decorrer do século 21".

O ministro do Meio Ambiente da Índia, Jairam Ramesh, repetiu na terça-feira (19) suas críticas prévias à avaliação inicial do painel sobre os glaciares himalaios. "A saúde dos glaciares é causa de grande preocupação, mas a posição alarmista do IPCC de que eles poderiam derreter completamente até 2035 não foi baseada nem um pouco em evidência científica", disse ao "The Times of India".

O painel do clima da ONU afirma que "o presidente, o vice-presidente e os copresidentes do IPCC lamentam a má aplicação dos procedimentos bem estabelecidos do IPCC neste caso".

Fontes de erros

O 4º Relatório de Avaliação do IPCC de 2007 dizia que os glaciares do Himalaia estavam recuando mais rapidamente do que em qualquer outro lugar e, em uma nota confusa, que a área total da geleira "vai provavelmente encolher dos atuais 500 mil quilômetros quadrados para 100 mil quilômetros quadrados até o ano de 2035".

Em carta enviada à revista "Science", um grupo de quatro cientistas apresentou as prováveis fontes das informações falsas A afirmação de que as geleiras estão regredindo no Himalaia mais depressa do que em qualquer outra parte do mundo teria sido extraída de um comunicado da ONG ambientalista WWF. A entidade, por sua vez, citava uma reportagem da revista "New Scientist" a respeito de um estudo "não publicado" e "que não compara a taxa de perda de gelo no Himalaia com outras geleiras".

Além disso, dizem os autores da carta, o trecho que diz que sua área total provavelmente encolherá para 100 mil quilômetros quadrados não pode se referir ao Himalaia, cuja área de geleiras é de 33 mil quilômetros quadrados. Porém, eles ressaltam que os relatórios do IPCC de 2007 são "majoritariamente corretos".

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