Os crimes de guerra atribuídos à oposição síria estão sendo cometidos predominantemente por combatentes estrangeiros, disse uma investigadora da ONU na segunda-feira (16), expondo uma divisão interna que complica o início de negociações de paz no país árabe.

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"Se vocês forem olhar para os grupos (da oposição) que estão cometendo os piores crimes, olhem particularmente para os combatentes estrangeiros, onde os combatentes estrangeiros estão lutando", disse Karen Koning Abuzayd a jornalistas em Genebra.

Por outro lado, ela disse que Salim Idris, líder do grupo rebelde chamado Exército Sírio Livre, apoiado pelo Ocidente, está tentando "incutir a legislação de direitos humanos" e treinar soldados para as regras da guerra, segundo ela.

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Karen é uma dos quatro coordenadores da Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria, criada há dois anos pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para investigar possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade no conflito sírio.

Embora a maioria dos indícios colhidos pela comissão aponte para atrocidades cometidas pelas forças leais ao presidente Bashar al Assad, os relatórios deste ano vêm despertando crescentes suspeitas sobre o comportamento da oposição.

Ao traçar uma distinção entre a oposição doméstica da Síria e combatentes jihadistas vindos do exterior, a comissão pode intensificar a pressão sobre os esforços da comunidade internacional para reunir todas as partes do conflito numa conferência de paz em Genebra.

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria, disse que há atualmente na Síria combatentes de cerca de 20 países, inclusive alguns da Europa.

Representantes dos EUA e da Rússia pretendem definir até o final de setembro uma data para a conferência de paz. Diretrizes estabelecidas pelas potências em 2012 indicam que todas as partes envolvidas na guerra civil deverão ser convidadas, mas que caberá ao povo sírio definir seu futuro - o que exclui os jihadistas estrangeiros de qualquer decisão, podendo fazer deles os inimigos de um novo conflito.

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"Os combatentes sírios dizem que só a primeira das guerras é no combate ao governo, e que a segunda é para se livrar dessa gente (jihadistas). Eles não os querem", afirmou Karen.

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