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“A ONU de 1948 não representa a correlação de forças existente hoje.” Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil | Olivier Morin/AFP
“A ONU de 1948 não representa a correlação de forças existente hoje.” Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil| Foto: Olivier Morin/AFP

Floresta, Pernambuco - No mesmo dia em que o Brasil foi eleito para ocupar uma das vagas temporárias no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas no biênio 2010-2011, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a ONU "está superada’’ e que o conselho de segurança "está como uma fruta madura’’, passando do ponto de colher e prestes a cair.

"Há 15 anos o Brasil tem reivindicado uma reforma no Con­­selho Permanente de Segurança da ONU’’, disse Lula.

"Nós estamos convencidos de que a ONU está superada. A ONU de 1948 não representa a correlação de forças existente hoje, nem geograficamente, nem economicamente, nem politicamente’’, afirmou.

O presidente voltou a reivindicar a necessidade de uma reforma que leve em consideração a participação dos países de todos os continentes. A África, disse ele, "pode ter dois ou três países representados no Conselho de Segurança, a América Latina po­­de ter um ou dois’’.

Para Lula, "não tem como explicar’’ o fato de o Japão, a Ale­­manha e a Índia não integrarem o Conselho de Segurança. "Se a ONU quiser voltar a ter representatividade, tomar decisões, e es­­sas decisões serem executadas, ela tem que ser reformada e colocar outros países’’, afirmou o presidente.

"A questão do Oriente Médio, por exemplo, não pode ser uma coisa particular dos EUA. Quem deveria estar negociando a paz entre judeus e palestinos é a ONU, e por que ela não faz isso? Porque ela não tem força. E nós queremos que a ONU tenha muita força.’’

"Eu estou convencido de que esse negócio do Conselho de Se­­gurança está como uma fruta madura, ou seja, ela já está passando do ponto de colher e daqui a pouco ela cai’’, afirmou Lula. "E, se os dirigentes da ONU, sobretudo aqueles países que mandam no Conselho de Segurança, não aceitarem a reforma, eles serão responsabilizados pela fragilidade da ONU’’, declarou.

Como exemplo da suposta fragilidade da organização, o pre­­sidente citou o golpe em Hon­­duras. "O que a Organização dos Estados Americanos (OEA) fez até agora?’’, questionou. "Fez as reuniões, tomou as decisões, e simplesmente o golpista (o presidente interino Roberto Miche­­letti) não atendeu nada’’, afirmou.

Para Lula, se a ONU tivesse maior representatividade política, suas decisões seriam cumpridas "e aí as coisas aconteceriam’’.

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