O líder do principal partido oposicionista do Japão, o Partido Liberal Democrata (PLD), encerrou formalmente uma trégua na política do país, que vigorava desde o terremoto e o tsunami de 11 de março que destruíram a costa nordeste japonesa. "Chegou a hora de (o primeiro-ministro Naoto Kan) decidir se ele fica ou não", disse nesta quarta-feira Sadakazu Tanigaki, presidente do PLD. Tanigaki criticou a forma como Kan lidou com o acidente nuclear na usina Daiichi, em Fukushima. "Seria extremamente lamentável" se Kan continuasse no posto, afirmou o líder da oposição.
A fala de Tanigaki marca o fim da solidariedade política entre o PLD e o governista Partido Democrático do Japão (PDJ), desde o pior desastre natural no país nas últimas décadas. Durante semanas, o PLD manteve um nível mínimo de críticas ao governo desde o desastre, apoiando o plano de aprovar um orçamento suplementar para ajudar as vítimas da tragédia. "Os eleitores japoneses nunca perdoariam (os deputados) se eles ficassem discutindo o gerenciamento da crise", disse Etsushi Tanifuji, professor de Ciência Polícia da Universidade Waseda.
A lua de mel, porém, nunca foi sem farpas. Para garantir a cooperação do PLD, Kan convidou Tanigaki em 19 de março para se unir ao gabinete, na prática sugerindo a formação de uma "grande coalizão" entre os dois principais partidos. Mas o líder oposicionista rechaçou a proposta, dizendo que mesmo em um momento de crise seria preciso haver um diálogo político mais abrangente para um acordo do tipo.
A derrota fragorosa do PDJ de Kan no domingo, nas primeiras eleições importantes em nível nacional desde o desastre de 11 de março, também fortaleceu o rival PLD. O partido governista perdeu postos importantes em eleições municipais para o PLD e não conseguiu ganhar a maioria em nenhuma das 41 assembleias regionais em disputa. A derrota do PDJ "foi uma expressão da desconfiança do povo na forma de (Kan) lidar com o desastre", afirmou Tanigaki em entrevista coletiva, segundo a agência Jiji Press.
Horas antes do terremoto, Kan havia admitido que sua organização para arrecadação de fundos recebeu doações de um estrangeiro, o que pode violar as leis sobre financiamento político no país. O ministro das Relações Exteriores do governo havia acabado de renunciar por acusações similares. Enquanto isso, partidos da oposição boicotavam deliberações e o PDJ parecia perder força por disputas internas.
No início de março, a aprovação de Kan estava em queda, abaixo dos 20%. Ele vinha dizendo que não renunciaria, até que a resposta ao desastre natural passou a ser prioridade na política nacional, deixando essa questão em segundo plano. As informações são da Dow Jones.
- Usina japonesa devia estar mais preparada para tsunami
- Japão registra terremoto de magnitude 6,1
- Operadora japonesa trabalha em plano para encerrar crise nuclear
- Ministro espera recuperação do Japão até fim do ano
- No Japão, água radioativa é drenada da usina Daiichi
- Japão diz que crise nuclear se estabiliza e foco é reconstrução
- AIEA defende posição do Japão sobre acidente nuclear
Centrão não quer Bolsonaro, mas terá que negociar com ex-presidente por apoio em 2026
“Por enquanto, eu sou candidato”, diz Bolsonaro ao descartar Tarcísio para presidente
Ucrânia aceita proposta dos EUA de 30 dias de trégua na guerra. Ajuda militar é retomada
Frei Gilson: fenômeno das redes sociais virou alvo da esquerda; ouça o podcast