Manifestante exibe cartaz com foto do presidente Hosni Mubarak caricaturado como o ditador Adolf Hitler, no Cairo| Foto: Yannis Behrakis / Reuters

ElBaradei surge como opção

O prêmio Nobel da Paz Moha­­med ElBaradei surge como figura emblemática da revolta contra o presidente egípcio, Hosni Mu­­ba­­rak, mas se apoia numa coalizão díspar que vai da oposição laica à Irmandade Muçulmana, contando também com uma legião de in­­ternautas.

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Há razões para a queda de Mubarak e o fim do envolvimento dos Estados Unidos com seu regime

Da mesma forma que o mundo reflete sobre o destino do Egito após Hosni Mubarak, os norte-americanos deveriam refletir sobre a seguinte questão: é bem provável que se Mu­­ba­­rak não tivesse sido o ditador do Egito nos últimos 30 anos, o World Trade Center ainda estaria em pé.

Leia a opinião completa de Ross Douthat, colunista do jornal The New York Times

Saiba quais são as mais importantes forças políticas hoje no país
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Cairo - O movimento que exige a saída do ditador do Egito, Hosni Mu­­ba­­rak, planeja realizar hoje um dos maiores protestos desde o início do levante, há oito dias. Ativistas lan­­çaram apelo a uma greve geral em todo o país e esperam reunir pelo me­­nos 1 milhão de pessoas na praça Tahrir (Libertação, em árabe), no centro do Cairo, que se tornou o símbolo da resistência ao regime.

A convocação foi feita em gran­­de parte por boca a boca e por jornais, rádios e tevês, já que a internet e o sistema de mensagens por celular ainda estão bloqueados.

Ontem, em mais um de seus pro­­nunciamentos nos últimos dias, Mubarak nomeou um ministro do Interior linha-dura para co­­man­­dar a repressão, num gesto tido como de desafio aos opositores.

Teme-se um banho de sangue contra o movimento inspirado na Tunísia, onde uma revolta popular no mês passado varreu do poder o ditador Zine el Abidine Ben Ali, no cargo havia 23 anos.

O Exército egípcio, no entanto, divulgou nota ontem dizendo que não utilizará a força contra os manifestantes e reconhece a legitimidade das demandas do povo e prometendo garantir sua "liberdade de expressão".

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O governo interrompeu o sistema de trens e metrôs e recolocou a polícia nas ruas, que nos últimos dias vinham sendo monitoradas pelo Exército, mais simpático aos olhos da população. Com medo de não conseguir fu­­rar o bloqueio policial, milhares de pessoas chegaram ontem à praça Tahrir, trans­­formada num imenso acampamento improvisado.

No gramado do balão situado no centro da praça, era impossível caminhar sem esbarrar em manifestantes deitados ou sentados em cobertores ou tapetes de papel.

Divididas em rodinhas, pessoas de todas as idades, principalmente jovens, conversavam, riam e comiam. O engenheiro civil Mo­­hamed, 32 anos, viajou do interior para participar do protesto. "Es­­tou instalado aqui e só saio depois que Mubarak deixar o po­­der", disse.

Acampado em Tahrir há dois dias, Safa, designer de interiores, disse não se importar com o frio e a dificuldade para ir ao banheiro. "Desconforto muito maior é ter um presidente como Mubarak, no cargo desde que nasci."

Segundo os acampados, moradores do centro fornecem água e comida. Apesar da atmosfera cordial, houve alguns incidentes. Um empurra-empurra ocorreu à noite em torno de um suspeito de ser um policial à paisana. Ele escapou por pouco de ser linchado.

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A onda de protestos antigoverno já cobra o seu preço da economia egípcia, com efeitos sobre a importante indústria do turismo, o rebaixamento de nota pela agência de risco Moody’s e ameaças de desabastecimento.