Rebelde sírio exibe mísseis caseiros ao lado do Hospital Canadense, em Aleppo| Foto: REUTERS/Molhem Barakat

Rebeldes sírios planejam incursões para explorar ataques ocidentais

Reuters

Combatentes da oposição em toda a Síria estão se preparando para lançar ataques para explorar os esperados ataques militares, liderados pelos EUA, mas não há planos de coordenação com as forças ocidentais, disse um comandante rebelde sírio, neste sábado.

Os EUA disseram na sexta-feira que estavam planejando uma resposta limitada para punir o presidente sírio Bashar al Assad pelo uso "brutal e flagrante" de armas químicas, que eles dizem que mataram mais de 1.400 pessoas em Damasco, há dez dias. O governo sírio nega o uso de armas químicas.

Qassim Saadeddine, um ex-coronel do exército sírio e porta-voz do Conselho Militar Supremo dos rebeldes, disse que o conselho mandou um plano de ação militar a alguns grupos de rebeldes que deve ser usado, caso os ataques aconteçam.

"A esperança é aproveitar quando algumas áreas estiverem enfraquecidas por algum ataque. Mandamos que alguns grupos se preparem em cada província, para que seus combatentes estejam prontos quando o ataque acontecer", disse ele à Reuters, pelo Skype.

"Eles receberam um plano militar que inclui preparativos para atacar alguns dos alvos, que esperamos que sejam atingidos pelos ataques estrangeiros, e alguns outros que esperamos poder atacar ao mesmo tempo."

O Conselho Militar Supremo é o braço armado ligado à Coalizão Nacional, um grupo coordenador considerado como sendo a liderança da oposição política no exterior.

Saadeddine disse que os planos foram elaborados sem qualquer ajuda das potências estrangeiras. Ele disse que nenhuma informação foi dada a eles pelos EUA ou por qualquer país ocidental, como a França, que tem apoiado a realização de um ataque contra Assad.

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A Coligação Nacional Síria, principal grupo da oposição ao presidente Bashar Al Assad, apelou neste sábado(31) à comunidade internacional em defesa de uma intervenção militar "ampla e forte", que reduza a capacidade bélica do regime de Damasco.

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Em comunicado, o presidente da coligação, Ahmad Yarba, disse que "o mundo tem que responder de forma decisiva ao uso de armas químicas pelo regime". Yarba também pediu que se "neutralize o perigo que o regime representa para o povo sírio e para a paz e a segurança regionais", de forma a evitar novos ataques com armas não convencionais.

Depois de 29 meses de "inatividade", a comunidade internacional tem a obrigação moral de parar o uso "da violência excessiva e indiscriminada", acrescentou o dirigente oposicionista.

Os serviços de segurança sírios esperam um ataque militar contra o seu território "a qualquer momento", mas dizem que o país está pronto para responder.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem (30) que ainda não tomou uma "decisão final" sobre um possível ataque à Síria, mas admitiu uma ação "limitada" contra o regime de Bashar Al Assad pelo uso de armas químicas.

Afirmando que o uso dessas armas ameaçaria a segurança nacional norte-americana, Obama insistiu que o mundo não pode aceitar que mulheres e crianças sejam atingidas por gases tóxicos. Ele fez a declaração após tomar conhecimento de um relatório dos serviços secretos, segundo o qual 1.429 pessoas morreram, entre as quais 426 crianças num ataque atribuído ao regime sírio nos arredores de Damasco, a 21 de agosto.

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Obama, que falou na Casa Branca antes de participar de encontro com os chefes de governo dos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), condenou igualmente "a impotência" do Conselho de Segurança das Nações Unidas perante a questão síria, uma vez que a Rússia, um forte aliado de Damasco, bloqueou qualquer intervenção.

O presidente norte-americano apelou, por fim, ao mundo para que não fique paralisado perante a situação na Síria, numa reação à rejeição pelo Parlamento britânico de uma participação de Londres numa eventual intervenção armada contra o regime de Bashar Al Assad.