A candidata a presidente Elisa Carrió disse na terça-feira temer que o governo argentino não jogue limpo nas eleições de outubro, já que há suspeitas de fraudes e irregularidades em recentes eleições provinciais.
A ex-deputada, que se define como liberal-cristã heterodoxa, em coligação com socialistas, afirma estar a apenas dois ou três pontos percentuais de forçar um segundo turno contra a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner, apontada como favorita pelas pesquisas.
Por isso, a candidata de oposição disse que sua Coalizão Cívica trabalha para que a transparência da votação seja garantida por observadores internacionais.
"Estamos ocupados, não só preocupados. Estamos preocupados e ocupados porque é uma diferença de entrada no segundo turno de dois ou três pontos, precisamos de o máximo de segurança", disse Carrió a jornalistas estrangeiros em Buenos Aires.
"Está claro que há 90 por cento de chance de que haja falta de transparência caso esteja em jogo a ida ao segundo turno."
A recente eleição para o governo de Córdoba (centro) continua maculada por graves denúncias feitas pelo candidato que ficou em segundo lugar, apenas 17 mil votos (1 ponto percentual) atrás do candidato governista, que foi eleito.
No domingo, o candidato a governador do Chaco (norte), apoiado pelo presidente Néstor Kirchner, venceu a eleição provincial com margem de 0,5 por cento dos votos sobre o candidato da UCR (governista em nível local, mas de oposição federal), que ainda não reconheceu a derrota e também denunciou irregularidades.
"É preocupante, mas é preciso se ocupar. Só o controle internacional vai impedir que isso [visto no Chaco e em Córdoba] ocorra em nível nacional", acrescentou Carrió.
Ela e o ex-ministro de Economia Roberto Lavagna, em terceiro nas sondagens, pediram à população que ignore as pesquisas divulgadas pela imprensa, que, segundo eles, são manipuladas.
Esses levantamentos indicam que Cristina Fernández vai se eleger no primeiro turno - para isso, pela lei argentina, o candidato precisa ter pelo menos 45 por cento dos votos, ou mais de 40 por cento, desde que com margem de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado.
A campanha de Carrió não apresentou números que desmintam o favoritismo da primeira-dama.
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