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Crise política

Opositores bolivianos fecham as fronteiras do departamento de Santa Cruz com o Brasil

Radicais são contidos por policiais após expulsarem voluntários e funcionários cubanos e venezuelanos da região de Santa Cruz, na fronteira com o Brasil | Carlos Hugo Vaca / Reuters
Radicais são contidos por policiais após expulsarem voluntários e funcionários cubanos e venezuelanos da região de Santa Cruz, na fronteira com o Brasil (Foto: Carlos Hugo Vaca / Reuters)

Num agravamento da crise entre La Paz e os departamentos opositores da Meia Lua boliviana, grupos de estudantes radicais e líderes de comitês cívicos fecharam nesta terça-feira (9) as fronteiras do departamento de Santa Cruz com o Brasil e anunciaram a expulsão dos voluntários e funcionários cubanos e venezuelanos que trabalham na região. De acordo com a edição desta terça-feira do jornal "O Globo", manifestantes dos departamentos de Beni e Tarija também ameaçam fechar seus postos de fronteira e interromper nas próximas horas o fornecimento de gás natural para Brasil e Argentina, o que poderia provocar uma crise de desabastecimento nos dois países. O presidente Evo Morales, no entanto, tentou tranqüilizar o governo brasileiro e argentino, assegurando que o abastecimento aos dois países está garantido.

A tomada dos postos alfandegários em Santa Cruz, o departamento mais rico da Bolívia, foi feita ainda pela manhã pela União Juvenil de Santa Cruz (UJC), grupo estudantil radical apontado por muitos analistas como racista e o maior defensor da independência da Meia Lua do resto da Bolívia.

Segundo a imprensa boliviana, os opositores já têm 20 pontos de bloqueio em todo o país, entre postos de fronteira e estradas. A Bolívia viu sua crise política se intensificar depois do referendo revogatório do dia 10 de agosto, em que Morales e a maior parte dos governadores da oposição tiveram seus mandatos confirmados.

Morales troca ministro de Hidrocarbonetos

De maneira supreendente, Morales revelou na noite desta segunda-feira (8) que realocou o poderoso ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, concedendo a ele um outro posto em seu gabinete.

A mudança no gabinete de Morales atingiu os influentes ministros da área política, atualmente concentrados no manejo do conflito entre a mudança constitucional impulsionada pelo governo e as autonomias que reclamam várias regiões controladas pela oposição de direita.

Villegas, que foi substituído pelo político governista Saúl Avalos, voltou a ocupar o cargo de ministro do Planejamento do Desenvolvimento, seu posto original no gabinete.

Um dia antes do anúncio de Morales, Villegas afirmara que as exportações de gás natural para o Brasil e a Argentina eram realizadas "normalmente".

- A partir do momento em que foram declaradas as greves e os bloqueios de estradas, o governo decidiu militarizar (as regiões gasíferas) e resguardar todo o sistema de transportes para garantir tanto o abastecimento interno quanto o externo - disse.

Trata-se da terceira recomposição da equipe de colaboradores de Morales em dois anos e meio de gestão.

Outras três mudanças atingiram os ministério da Saúde, Desenvolvimento Rural e Microempresa.

Crise causa mal-estar entre militares bolivianos

A escalada de violência está provocando um clima de forte mal-estar entre alguns setores das Forças Armadas do país que, segundo analistas locais complicará ainda mais a crise em que está mergulhado o governo de Morales. Na segunda-feira, o canal de TV "Gigavisión", de Santa Cruz, divulgou um pronunciamento elaborado por um grupo de militares que pediu ao governo e à oposição que busquem alcançar um acordo através do diálogo. Os militares pediram para não serem identificados.

- A posição das Forças Armadas é muito delicada. Elas continuarão defendendo a democracia, o governo e todas as instituições do país, mas para isso estão enfrentando situações muito complicadas - disse o professor da Universidade Maior de San Andrés, Carlos Cordero.

Segundo ele, "a maioria dos militares teme que a crise os obrigue a reprimir de forma violenta os opositores do governo".

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