Relatos de moradores da região leste da Líbia indicam que os opositores já tomaram o controle de importantes terminais de produção de petróleo no país, o que pode ameaçar o fluxo de fornecimento a diversos países e elevar a cotação do produto internacionalmente.
As informações foram divulgadas horas após o ditador Muamar Kadafi afirmar que as revoltas podem interromper o fornecimento do combustível ao exterior. Inicialmente havia relatos de que os rebeldes pretendiam manter o ritmo das exportações de petróleo, embora o jornal Guardian indicasse que os opositores já estavam interrompendo a produção em determinados locais.
O diário britânico citou o engenheiro mecânico Moustafa Rabaa, que trabalha com a indústria petrolífera Sirte, afirmando que "todos os poços de petróleo da região sul da Líbia" já estão em controle dos rebeldes.
"A ordem divulgada é que devemos mandar uma mensagem para Kadafi parar de massacrar nosso povo em Benghazi. Tomamos a decisão de negá-lo o privilégio de exportar petróleo e gás para a Europa", disse ao Guardian, acrescentando que somente no poço de Dregga, na região leste, o bloqueio já evitou que 80 mil barris por dia fossem exportados.
O jornal espanhol El País também deu destaque ao assunto e noticiou que em seu discurso Kadafi quis mostrar à comunidade internacional que os protestos podem levar à interrupção do crucial fornecimento de combustível e gás a grande parte dos países europeus. "Se os cidadãos não voltarem a trabalhar, se cortará o fornecimento de petróleo", disse o ditador à tevê estatal.
O petróleo representa mais de 95% das exportações e 75% das receitas da Líbia. Até meados do século 20, a população líbia vivia da agricultura, submetida aos caprichos do clima. País pobre, a Líbia sobrevivia com a ajuda internacional. A descoberta da jazida de petróleo em Zaltan, em junho de 1959, no oeste do país, mudou o tom. Membro da Opep, a Líbia hoje é um dos principais produtores de petróleo na África, com 1,8 milhão de barris por dia.
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