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América Latina

Papa Francisco pede calma e diálogo na Venezuela

Nesta quarta-feira, na capital Caracas, mulheres partidárias da oposição saíram às ruas e cumprimentavam agentes do governo | REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Nesta quarta-feira, na capital Caracas, mulheres partidárias da oposição saíram às ruas e cumprimentavam agentes do governo (Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

O papa Francisco pediu nesta quarta-feira (26) o fim da violência na Venezuela, que já causou a morte de pelo menos 13 pessoas, e fez um chamado aos políticos para que tomem a iniciativa de acalmar a nação, que vive sua maior turbulência em uma década.

Os dois campos políticos estão se manifestando em cidades por todo o país. Na capital, Caracas, mulheres partidárias da oposição saíram às ruas, enquanto agricultores seguiam numa marcha até o palácio presidencial para expressar apoio ao governo socialista.

Estudantes e outros oponentes do presidente do país, Nicolás Maduro, exigem que ele deixe o poder por causa de problemas como a elevada inflação, níveis chocantes de crimes violentos, escassez de mantimentos básicos e, segundo dizem eles, sua repressão aos rivais políticos.

Os protestos são o maior desafio nos dez meses de governo de Maduro, embora não haja indicação de que possam levar à sua derrubada ou afetar os embarques de petróleo do país, que é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O papa Francisco disse a dezenas de milhares de pessoas na Praça São Pedro que estava "particularmente preocupado" com os recentes acontecimentos.

"Eu espero sinceramente que a violência e a hostilidade terminem tão logo quanto possível e que o povo venezuelano, a começar com as instituições e políticos responsáveis, atue para forjar a reconciliação nacional por meio do perdão mútuo e diálogo sincero", disse Francisco em sua audiência geral semanal.

As discussões têm de ser baseadas na "verdade e justiça", acrescentou o pontífice, e serem capazes de enfrentar "questões concretas para o bem comum".

Maduro, de 51 anos, ex-motorista de ônibus e líder sindical, convidou nesta quarta-feira líderes da oposição, da Igreja e do setor empresarial para "uma conferência da paz nacional" no palácio presidencial.

No entanto, figuras importantes da oposição não devem comparecer.

"Isso não pode ser apenas uma sessão de fotos", disse à Reuters o oposicionista Henrique Capriles, que por duas vezes disputou a eleição presidencial, acrescentando que Maduro não está pronto para discutir os reais problemas da Venezuela.

"A quem interessa mais o diálogo? A Nicolás, acho eu... Este é um governo que está se extinguindo, devorando a si mesmo."

Apelo aos militares

Mulheres partidárias da oposição, usando roupas brancas, fizeram uma passeata silenciosa desde um bairro no oeste de Caracas até uma base da Guarda Nacional nas imediações, carregando fotos de vítimas da suposta brutalidade de forças de segurança.

"Vocês podem desobedecer a ordens ilegais", disseram elas em carta aberta aos soldados. "Vocês podem refutar um superior se ele os forçar a cometer um crime... não manchem a honra de sua família."

Enquanto isso, os agricultores pró-Maduro, trajados na maioria em vermelho, a cor do governista Partido Socialista, faziam uma marcha no centro da capital sob o slogan "semeando paz e colhendo vida".

"Hoje nós temos agricultores dignos, graças à visão do comandante Chávez", disse o Ministro da Agricultura, Yvan Gil, referindo-se ao falecido presidente Hugo Chávez. "Aqui estão os agricultores que estão defendendo a revolução em massa."

As manifestações da oposição começaram no início do mês, mas se espalharam rapidamente depois que três pessoas foram mortas numa marcha da oposição em 12 de fevereiro, no centro de Caracas.

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