Em sua visita à Bolívia, na quarta-feira (8), o papa Francisco recebeu um presente inusitado do presidente Evo Morales: uma imagem de Jesus Cristo entalhada em madeira, numa cruz formada por uma foice e martelo.
A imagem entregue por Evo ao papa é uma reprodução de escultura feita pelo sacerdote espanhol Luis Espinal, assassinado em 1980 por paramilitares por sua ligação com movimentos sociais bolivianos. Francisco visitou o local onde seu cadáver foi encontrado e homenageou o religioso.
Crucifixo entregue a papa significa diálogo, diz porta-voz do Vaticano
O crucifixo que o presidente da Bolívia Evo Morales deu ao papa Francisco em sua chegada ao país representa “um diálogo mais amplo, e não uma ideologia específica” disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, durante conferência com a imprensa nesta quinta-feira (9).
Leia a matéria completaO simbolo da foice cruzada com o martelo é um ícone da esquerda desde a Revolução Russa, em 1917. Cada ferramenta representa uma classe de trabalhadores: a foice, os camponeses; o martelo, os operários. A imagem tornou-se o símbolo do Exército Vermelho, da então União Soviética e dos partidos comunistas ao redor do mundo.
Morales se define como representante de uma corrente política conhecida como “Socialismo do Século 21”, ao lado dos governantes da Venezuela e do Equador.
Além do inusitado crucifixo, Morales também entregou a Francisco um exemplar do “Livro do Mar”, editado pelo governo da Bolívia. A publicação resume o histórico da disputa territorial entre o país andino e o Chile, que será julgada pela Corte Internacional de Haia.
O papa também foi condecorado com o Condor dos Andes, maior honraria oferecida pelo país, além da distinção Luis Espinal, criada para homenagear religiosos que se destaquem pela defesa dos pobres, dos marginais e dos enfermos.
Morales, por sua vez, recebeu uma reprodução do mosaico “Salus Populi Romani”, imagem de Nossa Senhora com o menino Jesus nos braços, cujo original está exibido desde 1611 na capela da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Trata-se de uma das sete igrejas de peregrinação dos católicos.
Francisco desculpou-se com Evo, dizendo que a lembrança que lhe trazia era “mais simples” do que as recebidas.