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O Paquistão disse à Índia neste sábado (27) que não quer uma guerra e que utilizará a força somente se for atacado, aparentemente numa tentativa de acalmar a tensão criada por informações ontem de que o Paquistão moveu centenas de seus soldados para a fronteira indiana. "Não queremos lutar, não queremos ter uma guerra, não queremos conflito com nossos vizinhos", disse o primeiro-ministro do Paquistão, Syed Yousuf Raza Gilani, na televisão. Ainda assim, Gilani acrescentou que o exército está "totalmente preparado" para responder a qualquer agressão da Índia.

Na sexta-feira (26), fontes de serviços de inteligência do Paquistão disseram, em condição de anonimato, que o exército paquistanês estava remanejando milhares de forças que lutam contra militantes na fronteira com o Afeganistão para a fronteira com a Índia. O governo do Paquistão anunciou, também ontem, o cancelamento de todos as dispensas militares.

A tensão entre os dois países, que têm uma frágil relação, acirrou-se após os ataques coordenados ocorridos em Mumbai, contra 10 locais do centro financeiro indiano, incluindo dois hotéis cinco estrelas e um centro judaico, e que deixou pelo menos 164 mortos. A Índia tem acusado militantes paquistaneses de responsáveis pelos atentados. O recém-eleito governo civil do Paquistão tem exigido que a Índia apresente provas de suas acusações.

Entretanto, a movimentação recente do Paquistão é vista como uma indicação de que irá retaliar se a Índia abrir mão de uma ofensiva de ataques aéreos com mísseis contra alvos de militantes que estejam em território paquistanês. Os Estados Unidos têm tentado aliviar a crise e ao mesmo tempo pressionado o Paquistão para acabar com grupos militantes que Washington considera responsáveis pelos ataques em Mumbai.

Mudanças de posição

A mudança de posição do exército do Paquistão também trouxe preocupações sobre o futuro da campanha norte-americana contra os grupos Al-Qaeda e Taleban que se escondem em regiões tribais do país. Segundo duas fontes da inteligência do Paquistão, as tropas foram movidas ontem da região de Waziristan para as cidades de Kasur e Sialkot, próximo à fronteira com a Índia. O movimento foi iniciado na quinta-feira e pretende remanejar um total de 20 mil soldados para os novos locais. O número de soldados corresponde a um quinto dos que patrulham regiões tribais, segundo as fontes. Não havia sinais hoje de movimentação de tropas.

A Índia e o Paquistão já realizaram três guerras desde sua independência do Reino Unido em 1947, duas delas em disputa pela região de Caxemira, região majoritariamente muçulmana do Himalaia. Ambos países têm declarado que desejam evitar uma guerra agora, por causa dos ataques em Mumbai, e a maior parte dos analistas não acredita em um conflito.

Mas a Índia, sob pressão doméstica para responder aos ataques, não descartou o uso da força. O Paquistão promete cooperar com a Índia, mas diz precisar de evidências antes de investigar mais. O ministro das Relações Exteriores da Índia, Pranab Mukherjee, tem dito que a Índia ofereceu evidências mais do que suficientes.

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