O atentado com três homens-bomba no aeroporto internacional de Istambul deixou 41 mortos, incluindo pelo menos 13 estrangeiros, e 239 feridos, de acordo com um balanço atualizado divulgado pelo governador da cidade nesta quarta-feira (29). O Estado Islâmico foi apontado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como possível realizador do atentado.
Ataturk
O aeroporto Ataturk é o maior da Turquia e o 11º do mundo, com mais de 60 milhões de passageiros por ano.
O atentado recorda o modo de atuação dos ataques de Paris em novembro (130 mortos) e em Bruxelas (32 mortos no aeroporto e no metrô) em março.
Um total de 130 feridos permanecem internados nos hospitais da cidade um dia depois do atentado, que aconteceu na terça-feira à noite. O balanço anterior citava 36 mortos, 23 turcos e 13 estrangeiros. Entre os cidadãos não turcos vítimas dos ataques estão cinco sauditas, dois iraquianos, um tunisiano, um uzbeque, um chinês, um iraniano, um ucraniano e um jordaniano, segundo uma fonte turca.
O aeroporto onde foi registrado o atentado é o mais importante da Turquia. Os três terroristas responsáveis pelos ataques se explodiram ainda dentro do terminal.
Nesta quarta, a Turquia decretou luto nacional.
Pânico
Uma grande onda de pânico varreu o terminal de voos internacionais, quando duas violentas explosões seguidas de tiroteio foram ouvidas, por volta das 22h (16h, horário de Brasília).
“Foi muito forte. Todo mundo entrou em pânico e começou a correr em todas as direções”, disse um dos entrevistados à rede CNN-Türk.
Um grande efetivo de policiais estabeleceu um perímetro de segurança na área afetada, segundo as imagens. Fotos divulgadas nas redes sociais mostram danos materiais significativos dentro do terminal e passageiros deitados no chão.
Autoria
Istambul e a capital, Ancara, as duas maiores cidades do país, sofrem desde o ano passado com uma sequência de atentados que já deixaram quase 200 mortos e um grande número de feridos.
Esses ataques foram atribuídos ao Estado Islâmico - que não reivindicou nenhum deles -, ou aos rebeldes curdos, sobretudo, dos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK, na sigla em curdo), um braço do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão. O PKK retomou as armas há um ano contra o governo, após um cessar-fogo de dois anos.
Desta vez, o EI foi apontado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como possível realizador do atentado desta terça, uma vez que a organização também esteve por trás do ataque em Ancara, em outubro do ano passado, considerado o mais letal da História moderna da Turquia, que deixou 103 mortos e mais de 400 feridos.
Apesar de realizarem ataques em diferentes partes do país, tanto o EI quanto grupos curdos como o TAK cada vez mais concentram suas forças nas grandes cidades do país, Ancara e Istambul, onde até então a violência era restrita a escritórios partidários, em especial os das legendas esquerdistas e os do Partido Democrático do Povo (HDP, na sigla em turco), de orientação pró-curda, muitas vezes com a participação de grupos nacionalistas. O Partido da Frente de Libertação Popular Revolucionária (DHKP/C, na sigla em turco), guerrilha de extrema-esquerda banida do cenário político, também realiza ataques periódicos contra policiais e embaixadas de nações ocidentais.
Fronteiras porosas. Um perigo?
A proximidade com a Síria transformou a Turquia no principal destino de combatentes que se juntavam ao EI, e o país recebeu críticas pela porosidade de suas fronteiras. O PKK acusou Ancara de ignorar deliberadamente ameaças extremistas, enquanto o grupo jihadista condenou o governo turco, classificando-o como “apóstata e alinhado com os cruzados”, prometendo, em suas publicações digitais, “conquistar Istambul”.
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