O movimento Ocupe Wall Street celebrou nesta quinta-feira (17) seu segundo mês de existência com uma marcha que bloqueou o acesso à Bolsa de Nova York e gerou graves incidentes, 177 manifestantes detidos e sete policiais feridos.
O protesto faz parte de uma "Jornada de Ação Global" anunciada no site occupywallst.org, com manifestações previstas em outras cidades dos Estados Unidos e na Bélgica, Alemanha, Itália, Nigéria, Polônia e Espanha.
Em Washington, mais de 300 pessoas protestaram sem incidentes violentos na Francis Scott Key Bridge, a ponte mais velha sobre o Rio Potomac.
Gritando "somos os 99%", os anti-Wall Street instalaram uma bandeira laranja para exigir empregos e investimentos na decadente infraestrutura do país.
Em Los Angeles, centenas de pessoas protestaram e cerca de 20 foram presas quando a polícia tentava desalojar um miniacampamento no centro da cidade.
Em Londres, os "indignados" desafiaram o ultimato dado pelas autoridades municipais para deixar o acampamento instalado em frente à Catedral de St. Paul, abrindo o caminho para uma longa batalha judicial.
Em Nova York, o protesto pela manhã nos arredores de Wall Street deixaram um saldo de 177 detidos, informou o responsável pela polícia local, Raymond Kelly, em coletiva de imprensa.
Sete policiais ficaram feridos e tiveram de ser hospitalizados. Um dos policiais apresentava um ferimento na mão e teve de receber vinte pontos de sutura, afirmou o prefeito Michael Bloomberg.
A passeata foi iniciada no Zuccotti Park, onde foram montadas inicialmente as barracas do movimento no sul de Manhattan e de onde os manifestantes foram expulsos pela polícia na madrugada de terça-feira (15).
Os ativistas não conseguiram chegar à sede da bolsa nova-iorquina, situada a cerca de 300 metros do Zuccotti Park, já que barreiras metálicas da polícia bloqueavam as ruas adjacentes.
Amontoados contra as barreiras policiais, manifestantes chegaram a brigar com homens vestidos de terno que tentavam de abrir passagem para chegar ao trabalho no distrito financeiro.
"Wall Street está fechada!", bradavam os ativistas de braços dados, bloqueando o acesso à bolsa para protestar contra a cobiça e a corrupção.
Embora Wall Street tenha aberto em seu horário habitual de 09h30 locais (12h30 de Brasília), os manifestantes conseguiram tumultuar durante 45 minutos o acesso ao local. A polícia interveio abrindo passagem para escoltar os corretores da bolsa e outros funcionários.
Durante a manhã, o grupo clamava vitória e pelo menos um policial nova-iorquino parecia dar razão aos manifestantes.
"Bloquearam tudo. Isto é o que acontece por terem tirado eles do parque: mexeram em um vespeiro", disse este policial que não quis revelar sua identidade.
Os protestos anteriores do Ocupe Wall Street foram tensos, mas em sua maioria pacíficos, com a polícia utilizando uma extensa rede de barreiras metálicas para encurralar os manifestantes e impedi-los de chegar à sede de Wall Street.
Nesta ocasião, a polícia montada também foi mobilizada nas imediações da bolsa.
A jornada para celebrar o segundo mês de existência do Ocupe Wall Street inclui mobilizações em vários pontos de Nova York, entre eles a tradicional Ponte do Brooklyn e estações do metrô.
"Queremos fazer com que nossa voz seja ouvida e compartilhar nossa frustração", disse Mark Bray, um porta-voz do movimento, assegurando que os manifestantes deveriam ser "milhares" à tarde, quando receberam o reforço dos sindicatos.
Antes do início da passeata, os ativistas se cumprimentavam e se davam "feliz aniversário" uns aos outros.
Depois do desmantelamento do acampamento na noite de segunda (14) para terça-feira (15), o Parque Zuccotti foi cercado com barreiras de metal e vigiado por um grande contingente de policiais e agentes de segurança do proprietário do local, a Brookfield Properties.
Apesar de o acesso ao parque ter sido reaberto ao público, suas regras, que proíbem deitar e entrar com barracas de camping e sacos de dormir, agora são estritamente aplicadas.
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