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Repercussão

Popularidade de Hollande dispara após ataques na França

Quase duas semanas após o início dos atentados terroristas que mataram 17 pessoas na França, institutos de pesquisa revelam que a popularidade do presidente François Hollande disparou de maneira inédita, aumentando 21 pontos percentuais em relação às últimas pesquisas. Pesquisa de opinião realizada pelo instituto IFOP-Fiducial aponta que, dentre as 1003 pessoas entrevistadas, 40% afirmam estar satisfeitas com o governo de Hollande, contrastando com o a aprovação de 19% registrada em dezembro.

A desaprovação do governo caiu 21 pontos, para 59%. Observou-se também que a popularidade do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, aumentou 17 pontos, para 61%. Já a desaprovação de Valls caiu 16 pontos, para 39%. A pesquisa foi feita entre 16 e 17 de janeiro, em seguida aos atentados feitos por terroristas na região metropolitana de Paris e às manifestações em solidariedade que reuniram milhões de pessoas por toda a França, no dia 11 de janeiro.

Na semana passada, pesquisas já apontavam uma grande aprovação dos franceses à forma como o governo de Hollande gerenciou a crise. A ação do governo foi aprovada por 80% dos entrevistados em pesquisa feita pela Opinionway; em outra pesquisa, da CSA, a aprovação chega a 88%.

Fenômeno raro

A disparada na popularidade de Hollande é apontada como "histórica" por Frédéric Dabi, diretor do departamento de opinião do IFOP. "É um fenômeno raríssimo na história das pesquisas de opinião", afirmou Dabi sobre o aumento de 21 pontos na popularidade do presidente francês. "O único caso parecido é o aumento de 19 pontos na popularidade de François Mitterrand durante a Guerra do Golfo, entre janeiro e março de 1991", completou.

A disparada na popularidade de chefes de Estado logo após situações críticas seria um fenômeno comum e, em regra, provisório. Segundo um artigo publicado no website francês Slate, o fenômeno de aumento na popularidade de um líder, conhecido pela ciência política como "efeito de adesão", é em geral acompanhado por uma queda gradual. "O aumento repentino e importante das opiniões favoráveis sobre um presidente se dá em resposta a certos tipos de situações dramáticas internacionais", afirmam os pesquisadores americanos Marc J. Hetherington e Michael Nelson em artigo de 2007.

Nesses casos, a figura do presidente se transformaria em uma espécie de encarnação do sentimento de unidade nacional. O Slate afirma que mesmo no caso do aumento de Mitterrand, a popularidade do presidente caiu gradualmente até alcançar 22% em dezembro de 1991, um ano após a Guerra do Golfo. O mesmo teria acontecido com as popularidades dos presidentes dos Estados Unidos após a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962 e a invasão do Iraque em 1991. A única exceção ao "efeito de adesão" seria o caso do presidente americano George W. Bush após o 11 de setembro, cuja aprovação subiu de 51% para 90% em 15 dias e se manteve em níveis altos por muito tempo, retornando aos níveis de setembro de 2011 apenas em setembro de 2003.

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