O mais que precário cessar-fogo iniciado nesta quinta-feira (11) na Síria abriu caminho para esperança rumo ao fim da violência, embora a oposição tenha denunciado que as mortes continuam e que as tropas do regime não recuaram.
Embora seja impossível conhecer a realidade no terreno pelas restrições do regime de Bashar al Assad aos jornalistas, todos os indícios apontam que o ritmo letal de mortes diários reduziu significativamente em relação aos últimos dias.
A rede de ativistas no terreno Comitês de Coordenação Local (CCL) assinalou que pelo menos 20 pessoas morreram pela repressão do regime, apesar de as Nações Unidas terem aprovado a implementação do cessar-fogo por parte do regime sírio.
Tanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, como o enviado conjunto das Nações Unidas e da Liga Árabe, Kofi Annan, afirmaram com cautela que a situação é "mais tranquila" no país.
Por isso, o Conselho de Segurança da ONU começou a trabalhar em um projeto de resolução que autorize o envio de uma missão de observadores à Síria e que poderia ser adotada amanhã.
A relativa calma vivida na Síria após meses de massacres e de duros confrontos entre o rebelde Exército Livre Sírio (ELS) e as forças do regime permitiu que algumas manifestações voltassem a sair às ruas.
O ativista Mujahid al Daguim, residente na cidade de Yaryanaz, na província nortista de Idlib, disse à Agência Efe que ocorreu uma manifestação nesse município que terminou sem incidentes.
No entanto, Daguim denunciou que na cidade de Idleb, capital da província, houve duas explosões e rajadas de disparos desde um posto de controle estabelecido perto do Hospital Nacional.
Por sua parte, o dirigente estudantil Jawad al Khatib declarou à Efe que outra manifestação foi realizada em Aleppo (norte), a segunda maior cidade do país.
Em um vídeo desse protesto, proporcionado por Khatib, dezenas de estudantes formaram a palavra "S.O.S" com seus próprios corpos em um jardim.
Oposição
Apesar de tudo, o Conselho Nacional Sírio (CNS), que agrupa a maioria da oposição e que hoje encorajou os cidadãos a sairem às ruas para protestar contra Assad, denunciou que o cessar-fogo foi aplicado de "forma parcial".
"Os disparos cessaram em grande escala, mas não totalmente", assinalou em Genebra a responsável de relações internacionais do CNS, Bassma Kodmani.
Os ativistas divulgaram vídeos nos quais é possível ver tanques e militares com armamento pesado ainda dentro e ao redor das cidades, apesar de ser impossível verificar a autenticidade das gravações.
Além disso, os meios de comunicação oficiais sírios informaram a explosão de uma bomba em Aleppo (norte) durante a passagem de um ônibus com militares, no qual morreu pelo menos um oficial e outras 24 pessoas ficaram feridas.
Segundo o diretor do Hospital Militar de Aleppo, Usama Kashkash, citado pela agência oficial "Sana", entre os feridos há militares e civis, e três deles estão em estado grave.
No entanto, o porta-voz do ELS em território sírio, o coronel Qasem Saadedin, disse à Agência Efe que a explosão aconteceu devido a "uma manobra do próprio regime", e não descartou que haja ações similares em outras cidades "para libertar-se de seu compromisso com o cessar-fogo".
"Nós não atacamos nenhum ônibus, estamos comprometidos com o plano de Annan", destacou.
Desde que começou o conflito sírio há mais de um ano, mais de nove mil pessoas morreram, 200 mil tiveram que fugir de suas casas e estão deslocadas no interior do país, e outras 30 mil se refugiaram nos países limítrofes.
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