O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, pediu na quinta-feira ao ativista Anna Hazare que suspenda a greve de fome com a qual reivindica leis mais duras contra a corrupção, e sugeriu que o Parlamento debata as propostas dele, após um aparente rompimento nas tentativas de negociação.
Hazare, de 74 anos, tem a simpatia de milhões de indianos, principalmente da emergente classe média local, cansada da rotina de corrupção e dos escândalos que assolam o governo.
Vários partidos se uniram para pedir a Hazare que interrompa seu jejum público, que já dura dez dias e atrai milhares de pessoas ao enlameado terreno onde ele se encontra, em Nova Délhi.
"Ele se tornou a encarnação do desgosto e da preocupação do nosso povo com o combate à corrupção", disse Singh ao Parlamento. "Eu o aplaudo, eu o saúdo. Sua vida é preciosa demais, e portanto gostaria de pedir a Anna Hazare que pare o seu jejum."
Mas Hazare mantém a greve de fome, apesar das críticas de que estaria chantageando um Parlamento legitimamente eleito.
O governo já ofereceu algumas concessões a Hazare no seu projeto de lei contra a corrupção, mas as negociações foram abandonadas sem avanços na quarta-feira.
Na quinta-feira, Singh propôs ao Parlamento que debata a proposta de Hazare, o projeto do governo e uma terceira versão, na busca por um consenso.
Desde o início do jejum, Hazare já perdeu sete quilos, e na quinta-feira estava em condições de falar à multidão. "Tenho certeza de que não vou morrer até termos uma lei Jan Lokpal (contra a corrupção) (...). Vou continuar lutando."
Caso a saúde do ativista se deteriore, o governo pode decidir alimentá-lo à força, mas existe o risco de que isso gere protestos ainda maiores.
A crise paralisa as decisões do governo e do Parlamento, e abala ainda mais a popularidade de Singh e do seu Partido do Congresso, em meio a um surto inflacionário e vários escândalos afetando o governo.
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