Forças de segurança da Tunísia combateram homens armados na capital no domingo (16), enquanto políticos tentavam formar um governo de união dois dias após a queda do presidente que estava há 23 anos no poder.
O primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi prometeu rápida ação para preencher o vácuo no poder. "Amanhã (segunda-feira) iremos anunciar o novo governo com o qual iremos abrir uma nova página na história da Tunísia", disse Ghannouchi.
Segundo a TV estatal, houve duas trocas de tiros que quebraram a calma relativa imposta pelo exército no sábado. Um dos tiroteios foi perto do prédio do banco central e outro do lado de fora do escritório central de um partido de oposição ao governo derrubado.
Uma fonte militar disse à Reuters que as forças especiais da Tunísia também estavam trocando tiros com membros da força de segurança de Zine al-Abidine Ben Ali, que deixou a Presidência, perto do palácio presidencial num subúrbio de Túnis.
Os tiroteios sugerem que a violência piorou depois de alguns tiroteios e motins em cadeias no sábado que terminaram com dezenas de presos mortos em meio ao caos.
A TV estatal e a polícia disseram que pessoas com passaportes suecos e alemães foram presas após os tiroteios.
Fontes no Exército e na polícia disseram que dois pistoleiros que estavam atacando de um telhado perto do banco central foram mortos, segundo um repórter da TV estatal que estava no local. Uma fonte no exército disse que os homens foram mortos por tiros disparados de um helicóptero.
Na manhã de domingo, o partido de oposição PDP disse que a polícia e o exército haviam parado um caminhão com homens armados e tiros foram disparados perto do escritório central do partido. A polícia disse que dois dos suspeitos foram presos depois que eles foram perseguidos até um prédio residencial e tinham passaportes suecos. Eles também prenderam um tunísio.
A polícia deteve quatro pessoas carregando passaportes alemães no mesmo incidente, disse a TV estatal, citando uma fonte na polícia.
O oficial encarregado da segurança do presidente Zine al-Abidine Ben Ali será levado ao tribunal sob acusação de causar violência e ameaçar a segurança nacional. O presidente Ben Ali fugiu do país na sexta-feira depois de uma onda de protestos.
No domingo, tanques estavam estacionados em várias partes da capital Túnis e soldados guardavam edifícios públicos. Residentes, alguns dos quais disseram que estavam começando a voltar à vida normal durante o dia, reconstruíram barricadas de galhos e latas de lixo para bloquear e proteger suas ruas à medida que se aproximava o toque de recolher noturno.
Analistas dizem que haverá mais protestos se a oposição acreditar que não tem representação suficiente num novo governo.
Negociãções para coalisão
O líder do parlamento Fouad Mebazza, que assumiu como presidente interino, pediu ao premiê Ghannouchi que forme um governo de unidade nacional e autoridades constitucionais disseram que uma eleição presidencial será realizada em 60 dias.
Ghannouchi estava realizando mais negociações no domingo para tentar preencher o vácuo deixado por Ben Ali, presidente há mais de 23 anos, que foi para a Arábia Saudita depois de um mês de protestos por causa da pobreza, do desemprego e da repressão do governo que já matou dezenas de pessoas.
Apesar de ter havido alguns resultados positivos das negociações até agora, elas podem se complicar quando entrarem no nível de detalhe de que partido vai ficar com qual ministério e como serão incluídos alguns políticos da velha guarda.
Ahmed Ibrahim, líder do partido de oposição Ettajdid, disse que ele e outros líderes de partidos vão se encontrar com Ghannouchi.
Partidos de oposição querem garantias de que as eleições presidenciais serão livres, que eles terão tempo suficiente para fazer campanha, e que o país vai continuar em direção à democracia, o que inclui reduzir o poder do partido de governo RCD.
Dois partidos de oposição já disseram que o período de dois meses para as eleições é muito curto.
O líder de oposição Najib Chebbi disse que depois de negociações com Ghannouchi no sábado as eleições seriam realizadas sob supervisão internacional em seis ou sete meses.
A expulsão do presidente da Tunísia depois de uma onda de protestos pode dar força a movimentos de oposição árabes em outros países.
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