Primeiro-ministro tailandês Abhisit Vejjajiva afirmou que a ordem foi reestabelecida na capital da Tailândia| Foto: Reuters
Militares montam guarda no centro comercial de Bangcoc
Bombeiros controlam incendio provocado por manifestantes na capital tailandesa
Soldado descansa após patrulhar área onde aconteceram protestos na Tailândia
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Afirmando que a ordem foi restabelecida após um espasmo de violência, o primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, fez um apelo emocionado à nação nesta sexta-feira para que as feridas políticas que dividem o país sejam curadas. Mas um de seus conselheiros mais graduados disse que as manifestações representam uma crescente pressão para que o premiê convoque eleições para provar que tem um mandato que vem do povo.

Abhisit disse que o foco foi alterado da segurança para o restabelecimento da rotina normal do país, particularmente em Bangcoc, onde os dois meses de confrontos entre seu governo e os Camisas Vermelhas - manifestantes que querem sua saída do governo - deixaram pelo menos 84 mortos.

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"Vamos manter as medidas para rapidamente restaurar a normalidade e reconhecemos que na medida em que seguimos haverá desafios enormes", disse Abhisit em discurso televisivo. "Eu asseguro que o governo vai superar esses desafios."

Abhisit declarou vitória em sua campanha para garantir a segurança de Bangcoc. As forças de segurança encerraram os protestos dos chamados Camisas Vermelhas, mas antes houve dezenas de incêndios e confrontos, até os líderes do movimento se renderem, na quarta-feira. "Este é um dos piores episódios que a Tailândia já enfrentou", afirmou Abhisit, em rede de televisão.

Abhisit lamentou as baixas durante a ofensiva, mas defendeu a atuação das autoridades. "A operação estava amparada pela lei e de acordo com a prática internacional", avaliou. Ele acrescentou que haverá uma investigação independente dos incidentes. Há denúncias sobre supostos abusos, como durante um tiroteio em uma "zona de segurança" em um templo, onde seis corpos foram encontrados.

Bangcoc continua sob estado de emergência e de um toque de recolher noturno até o final da semana, o primeiro desde um levante pró-democracia contra um governo militar, em 1992. Mas não há mais o som de tiros e de explosões e um importante banco e uma loja de departamentos anunciaram que abrirão suas filiais em todo o país a partir de sábado.

No bairro chinês de Bangcoc, muitas das lojas de venda de ouro e de comida reabriram e as ruas estavam cheias de pessoas e carros Mas outros setores comerciais, serviços ferroviários e escolas permaneceram fechados enquanto as operações de limpeza continuam nas ruas onde os piores confrontos ocorreram.

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Soldados e policiais conduziram buscas em prédios altos e hotéis da capital à procura de bombas ou armadilhas deixadas para trás pelos manifestantes, cujo acampamento num rico bairro comercial de Bangcoc foi encerrado numa sangrenta operação militar na quarta-feira que deixou 15 mortos e mais de 100 feridos.

Meios de comunicação tailandeses informaram que granadas foram encontradas na frente de um prédios de escritórios, juntamente com um botijão de gás preso a um caminhão parado perto de uma ponte. Se tivesse sido detonado, disseram os meios de comunicação, a explosão do veículo teria destruído a ponte.

O premiê resiste à pressão dos Camisas Vermelhas para convocar novas eleições. Os oposicionistas afirmam que o governo é ilegítimo, por ter sido apontado pelo Congresso e não eleito.

"Nós estamos vivendo na mesma casa", disse o primeiro-ministro. "Eu convido todos vocês para se unirem ao processo de reconciliação."

A Tailândia está dividida entre os Camisas Vermelhas, em sua maioria das áreas rurais e urbanas pobres, que exigem a queda do governo, e os Camisas Amarelas, que representam as elites nacionais.

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Os Camisas Vermelhas em geral apoiam o ex-premiê Thaksin Shinawatra, deposto em um golpe militar em 2006. O bilionário é acusado de abusos e corrupção e vive exilado, mas ainda é bastante popular.

Aliados de Thaksin foram eleitos posteriormente, mas terminaram depostos em uma controversa decisão judicial. Com isso, Abhisit foi apontado em 2008 com o apoio do Exército, em uma votação parlamentar.

No centro de Bangcoc, há uma grande operação de limpeza, após 36 grandes edifícios terem sido incendiados, entre eles o da Bolsa de Valores e o maior shopping do país. Funcionários da prefeitura da capital usavam tratores para retirar o entulho após dois meses de protestos. O jornal local Nation estimou que os estragos na capital são estimados em até US$ 1,2 bilhão.

A Tailândia tem um histórico de vários conflitos internos. Analistas comentam, porém, que este mais recente, iniciado no meio de março, pode ser difícil de superar. "Ninguém sabe quanto tempo levará para acabar com as profundas divisões que se abriram entre as famílias e a sociedade tailandesas", avaliou o diário Bangkok Post, em editorial.

Bangcoc e 23 outras províncias no norte rural do país - a base dos Camisas Vermelhas - estão sob toque de recolher até domingo, para tentar conter o conflito e evitar que ele se dissemine pelo restante do país.

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O turismo, bastante importante para a Tailândia, está sofrendo com a crise interna. O ministro das Finanças disse que as imagens do caos nas ruas que ecoaram pelo mundo devem ter um impacto "desastroso" sobre esse setor.