O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, comparou nesta sexta-feira (10) a violência étnica na província chinesa de Xinjiang a um genocídio, escalando as críticas a Pequim, após as mortes de 184 pessoas no final de semana passada na violência entre chineses Han, grupo étnico majoritário da China, e turcos uigures de Xinjiang. Os Han formam 90% da população chinesa. Nesta sexta-feira, no entanto, a agência de notícias Xinhua, governo chinês, informou que a maioria dos mortos, 137 pessoas, eram chineses Han.
As fortes palavras de Erdogan foram ditas em meio a manifestações diárias na Turquia em protesto contra os choques que aconteceram na cidade chinesa de Urumqi, capital de Xinjiang. Centenas de turcos rezaram nesta sexta-feira pelas vítimas da violência e queimaram bandeiras da China em Istambul e em Ancara.
"Esses incidentes na China são como um genocídio", disse Erdogan. "Nós pedimos ao governo chinês que não permaneça um espectador desses incidentes. Claramente existe selvageria neles", ressalta.
O governo chinês já impôs toque de recolher e despachou milhares de soldados para Urumqi, para evitar uma repetição dos confrontos no último domingo e segunda-feira.
A própria Turquia é extremamente sensível ao termo "genocídio". A Armênia afirma que 1,5 milhão de armênios foram mortos pelos turcos otomanos na época da Primeira Guerra Mundial e logo após (1915-1923). A Turquia nega com veemência as acusações, ao dizer que os números foram inflados e que os armênios morreram na guerra civil que ocorreu durante a desintegração do Império Otomano.
Erdogan, que chefia um partido de raízes islâmicas, tem sofrido pressões de grupos de turcos uigures e da oposição política turca para falar sobre os uigures, assim como defendeu os palestinos durante a ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza, em janeiro deste ano.
Erdogan ressaltou, no entanto, que a Turquia respeita a integridade territorial da China e não tem a intenção de interferir nos assuntos internos do país. As informações são da Associated Press.
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