O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, prestou testemunho afirmando ter lançado a guerra do ano passado contra a guerrilha Hezbollah, no Líbano, seguindo um plano de contingência aprovado quatro meses antes, disse na quinta-feira o jornal "Haaretz".

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Segundo o diário israelense, Olmert, criticado devido à forma como conduziu a guerra de 34 dias (durante os quais Israel não atingiu seus objetivos), afirmou em um inquérito, no mês passado, que a captura pelo Hezbollah, no dia 12 de julho, de dois soldados israelenses detonou o já planejado ataque de grandes proporções contra o Líbano.

O inquérito, realizado pela chamada Comissão Winograd, deve divulgar seu relatório preliminar neste mês. O Haaretz não informou como conseguiu ter acesso aos detalhes do testemunho prestado por Olmert no dia 1o de fevereiro.

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Muitos israelenses vêem na decisão tomada pelo premiê de lançar a guerra uma reação impensada vinda de um dirigente com pouca experiência na área de segurança, ao contrário do que seria o caso do antecessor dele no cargo, Ariel Sharon.

No testemunho, Olmert, que se concentrou em rebater as insinuações de que teria agido de forma negligente, disse à comissão ter perguntado a comandantes das Forças Armadas do país, em março de 2006, sobre a existência ou não de um plano de contingência para o caso de soldados de Israel serem sequestrados ao longo da fronteira com o Líbano, afirmou o "Haaretz".

Diante de várias opções, Olmert escolheu o que o jornal descreveu como um "plano moderado'' que incluiria ataques aéreos acompanhados de limitadas operações por terra.

O parlamentar Yuval Steinitz, do Likud (partido de oposição) e que presidiu a Comissão de Relações Externas e Defesa do Parlamento até a metade de maio de 2006, afirmou que as informações divulgadas pelo "Haaretz" o haviam deixado bastante surpreso.

"Nada disso jamais aconteceu'', afirmou Steinitz à Rádio Israel. "Não houve qualquer preparação intensiva para uma guerra iminente", acrescentou.

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Segundo o parlamentar, Olmert havia cortado 1 bilhão de shekels (118 milhões de dólares) do Orçamento da área de defesa dois meses antes do conflito, uma decisão estranha para alguém ''que acredita que nos próximos meses vamos reagir à próxima provocação lançando uma guerra.''

Olmert e o ministro israelense de Defesa, Amir Peretz, viram seus índices de popularidade despencarem desde a guerra, na qual 158 israelenses (117 soldados e 41 civis) foram mortos. Cerca de 1.200 pessoas foram mortas no Líbano, entre as quais, segundo estimativas, 270 guerrilheiros do Hezbollah.

Na guerra do Líbano, o Estado judeu não conseguiu atingir os objetivos declarados: libertar os dois soldados levados como reféns e destruir o arsenal de foguetes e a capacidade militar do Hezbollah, grupo que conta com o apoio da Síria e do Irã.