O presidente francês, François Hollande, disse neste sábado (14) que os ataques em Paris que mataram 128 pessoas foram “um ato de guerra”, organizado do exterior pelo grupo Estado Islâmico com a ajuda interna. Pelo que se sabe até o momento, o número inclui oito terroristas.
“Diante da guerra, o país deve tomar medidas adequadas”, disse ele, sem explicar o que isso significava. Hollande disse que iria falar ao Parlamento na segunda-feira em uma reunião extraordinária e que anunciou três dias de luto oficial pelas vítimas dos ataques de sexta-feira.
Os ataques em um estádio, sala de concertos e cafés e restaurantes no norte e leste Paris foram “um ato de guerra cometido pelo Daesh que foi preparado, organizado e planejado de fora (da França)” com a ajuda de dentro da França, afirmou Hollande, usando o acrônimo árabe para Estado Islâmico. Pelo menos dois terroristas conseguiram fugir, de acordo com fontes policiais. Oito foram capturados e mortos e outros sete morreram ao causar as explosões nas imediações do estádio de futebol. O ministério do Interior abriu uma página especial onde recebe informações da população a respeito dos responsáveis pelo ataque.
“Todas as medidas para proteger os nossos compatriotas e nosso território estão sendo tomadas no âmbito do estado de emergência”, disse. “O fechamento das fronteiras foi decidido para que as pessoas que cometeram esse crime possam ser detidas. Sabemos de onde veio esse ataque”, afirmou Hollande. “Temos que mostrar compaixão e solidariedade, mas temos também que mostrar união. A luta será sem piedade”.
O ataque coordenado ocorreu no momento em que a França, um dos países fundadores da coalizão que tem realizado ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos contra combatentes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, está em alerta elevado para atentados terroristas antes de uma conferência climática global no fim deste mês.
Marcas do terror
Depois do pior ataque terrorista da história da capital francesa, Paris amanhece marcada pelo pesadelo da noite desta sexta-feira (13), no qual ataques coordenados em diversos pontos da cidade. A cidade conta com um esquema de segurança sem precedentes para localizar os responsáveis pelo massacre.
Mesmo com o reforçado esquema de segurança, serviços de transporte aéreo e ferroviário já estão em funcionamento. Permanecem fechadas as universidades, escolas, repartições públicas, centros de lazer e diversão noturna.
A última vez que foi declarado o estado de emergência em todo o território francês foi durante a Guerra da Argélia, que aconteceu entre 1954 e 1962.
Líderes de países como Irã, Egito e Paquistão condenaram, nas últimas horas, os ataques, que a presidente Dilma Rousseff classificou como “barbárie”. Aliados tradicionais, como Estados Unidos e Reino Unido, também já manifestaram repúdio aos acontecimentos da noite de sexta-feira. A chanceler alemã Angela Merkel afirmou que “este ataque à liberdade não é voltado apenas a Paris, mas direcionado a todos nós” e ofereceu apoio à França.
Cronologia do terror: relembre ataques a França
Março 2012
Um argelino francês matou três soldados, um professor e três jovens estudantes em uma escola judaica em Toulouse. Mais tarde ele foi morto pela polícia durante um cerco em seu apartamento.
Maio de 2013
Alexandre Dhaussy, um francês convertido ao islamismo, esfaqueou um soldado francês no pescoço, em La Defense, em Paris. O soldado sobreviveu ao ataque.
Dezembro 2014
Um cidadão francês, nascido em Burrundi, atacara vários policiais com uma faca gritando “Allahu Akbar” (”Deus é grande”, em árabe). Ele feriu três policiais antes de ser morto a tiros.
07 de janeiro de 2015
Doze pessoas são mortas no escritório da revista satírica Charlie Hebdo, incluindo cartunistas famosos.
08 de janeiro de 2015
Amedy Coulibaly mata um policial antes de entrar em um supermercado judeu em Paris, onde ele matou mais quatro pessoas. Coulibaly e os irmãos Kouachi morreram em tiroteios com a polícia.
03 de fevereiro de 2015
Três soldados de uma patrulha são atacados num centro comunitário judaico em Nice. Um soldado é esfaqueado no braço e outro no rosto. O suspeito foi preso.
26 de junho de 2015
Dois homens entraram numa fábrica de produtos químicos perto de Grenoble com o objetivo de roubar explosivos. Um homem foi decapitado e vários outros ficaram feridos. Um suspeito foi detido. Uma bandeira preta com escrita árabe foi encontrada na cena do crime e presidente François Hollande descreveu como um ataque terrorista.