O presidente peruano, Alan García, afirmou nesta segunda-feira que Alberto Fujimori, extraditado para o Peru no sábado passado, será tratado com dignidade e terá todos os direitos respeitados, "sem ódios nem vinganças".
"Não é uma questão de vexar, ofender ou insultar ninguém, nem de pisotear o inimigo caído, todos os cidadãos devem ser tratados com respeito, de cima a baixo", disse Alan García no palácio de governo.
"Podem ter certeza de que as leis serão cumpridas, entre elas o respeito à dignidade das pessoas", declarou, dirigindo-se a familiares e partidários do ex-presidente.
Fujimori "não foi encerrado em uma masmorra, nem foi privado dos serviços essenciais, além de ter a possibilidade de receber seus familiares".
"Não jogamos o senhor Fujimori em uma jaula como em outras épocas se fazia, não lhe vestimos com um traje listrado de presidiário, como em outras épocas, não colocamos algemas em seus pulsos para evitar sua fuga", completou García.
O discurso é uma clara alusão à forma como o governo de Fujimori (1990-2000) apresentava à imprensa pessoas consideradas suspeitas de terrorismo.
O atual presidente peruano disse ainda que seu governo agirá com "serenidade e altura democrática, sem vinganças nem ódios; o pior que pode acontecer a um país é se deixar arrastar pela vingança".
"E eu poderia ser o primeiro a me aproveitar da situação", prosseguiu García, "porque [na época de Fujimori] minha casa foi assaltada e fui privado de minha nacionalidade por nove anos, mas não irei fazê-lo".
Em abril de 1992, após o 'autogolpe' de Fujimori, aproximadamente 200 soldados cercaram a casa de Alan García para capturá-lo "vivo ou morto".
Na ocasião, García conseguiu fugir por cima do telhado das casas vizinhas e se exilou na Colômbia. Dois pedidos de extradição feitos pelo governo Fujimori fracassaram.
Nesta segunda-feira, a congressista Keiko Fujimori, filha do ex-presidente, acusou o governo peruano de submeter seu pai a "maus-tratos terríveis" e afirmou que por trás disso "está a mão do Poder Executivo".
García disse que qualquer reclamação dos parentes sobre a saúde de Fujimori será ouvida pelas autoridades penitenciárias e pelo Poder Judiciário, e que se necessário será aceito um médico pessoal indicado pela família.