Roberto Micheletti, o político que assumiu o poder em Honduras depois da deposição do presidente Manuel Zelaya, está desafiando a pressão mundial para restabelecer no cargo seu antigo aliado e acabar com as restrições à imprensa.

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Apesar das advertências dos Estados Unidos, da União Europeia e de governos latino-americanos, Micheletti parece acreditar que a comunidade internacional acabará retirando a exigência para que Zelaya --expulso do país pelos militares em 28 de junho-- volte à Presidência.

O chefe do governo de provisório está apostando que a atitude mundial mude depois das eleições de 29 de novembro, que deve eleger um novo líder para assumir a Presidência em janeiro.

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Micheletti nem Zelaya podem participar do pleito, mas o primeiro, 61, diz que seguirá no poder até a cerimônia de posse do novo presidente.

"Não temos medo dos Estados Unidos nem do Departamento de Estado, nem do Brasil, nem do México, mas temos medo de 'Mel' Zelaya", Micheletti disse a chanceleres e diplomatas que visitaram o país na semana passada.

O golpe provocou uma das piores crises na América Central em anos e causou uma dor de cabeça diplomática para o presidente norte-americano, Barack Obama, quem prometeu melhorar as relações com a América Latina.

Em meio às críticas da Anistia Internacional de abusos de direitos humanos, o governo provisório ainda não cumpriu com sua promessa da semana passada de retirar as restrições aos protestos.

Aparentemente, tampouco prevê permitir a reabertura dos canais de televisão e emissoras de rádio leais a Zelaya, que permanece abrigado na embaixada brasileira, em Tegucigalpa, para onde voltou clandestinamente há três semanas.

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Os negociadores retomarão na terça-feira o diálogo para tentar resolver o impasse, apesar de Micheletti rejeitar a pressão de governos estrangeiros, como os Estados Unidos, maior sócio comercial do país.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que não reconhecerá as eleições, a menos que Zelaya seja restituído e as restrições à imprensa e às manifestações, retiradas.

Mas Micheletti, filho de imigrante italiano, parece apostar que a OEA finalmente aceitará a legitimidade do presidente eleito no fim de novembro.

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