O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, destacou nesta terça-feira a necessidade de uma ofensiva terrestre contra o Estado Islâmico (EI) para conter a tomada de Kobani, a cidade curda situada no norte da Síria, muito próxima da fronteira com a Turquia.
"Só com bombardeios aéreos não se pode pôr fim a este terror". "Se a coalizão que cumpre esta missão não realizar movimentos (militares) terrestres, não poderá solucioná-lo com ataques aéreos". "Assim passaram meses sem resultado", disse Erdogan durante uma visita a Gaziantep, perto da fronteira com a Síria.
Além disso, deu a entender que Ancara não vai fazer nada para evitar que Kobani caia nas mãos dos jihadistas, contradizendo o que o primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, tinha prometido na última quinta-feira.
"Neste momento, está caindo Kobani". "Nós queríamos três coisas: Um, declarar uma zona de exclusão aérea. Dois, declarar uma zona paralela de segurança. E, finalmente, um acordo para treinar e equipar a oposição moderada na Síria e no Iraque", especificou.
O presidente não esclareceu sobre quais grupos se referia, mas insinuou que as milícias curdas não fariam parte deles.
"A Turquia é contrária ao terror, tanto do Estado Islâmico como do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão)", garantiu Erdogan.
A imprensa turca pró-governo costuma usar as siglas do PKK, a guerrilha curda da Turquia, para fazer referência às milícias curdas da Síria, por sua suposta relação com a guerrilha turco-curda.
Erdogan investiu contra a oposição pró-curda por esta não ter apoiado a recente autorização de renovar a permissão de enviar tropas à Síria para lutar contra grupos terroristas.
"Que pena ver que os que falam de Kobani se opuseram à autorização". "Por sua vez, utilizam Kobani para chantagear à Turquia com o processo de paz (curdo)", frisou Erdogan.
O presidente se referia ao partido pró-curdo HDP, que tem a quarta maior bancada do parlamento turco e votou contra a autorização, acusando Ancara de apoiar o EI antes de oferecer respaldo às milícias curdas.
O HDP denunciou ontem à noite o "embargo" turco a Kobani, com um rígido fechamento da fronteira turca que impede a chegada de armas e ajuda humanitária à cidade síria sitiada.
Erdogan iniciou e fechou seu discurso com amplas referências religiosas, pedindo "paciência e confiança em Deus", e aproveitou para denunciar que o Estado Islâmico "mata em nome do Islã".
"Os muçulmanos jamais devem tirar vidas, bens e sangue de outros muçulmanos", especificou o presidente turco.
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