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Argentina

Promotor encontrado morto não tinha pólvora nas mãos

O exame para rastrear pólvora nas mãos de Alberto Nisman, o promotor encontrado morto em seu apartamento em Buenos Aires, deu negativo. Segundo a promotora encarregada de investigar o caso, Vivian Fein, como a arma era de pequeno calibre, pode ser que ele mesmo tenha efetuado o disparo, mas que isso não tenha deixado partículas de pólvora suficientes para serem detectadas pelo exame.

Numa entrevista a uma rádio, Fein reafirmou que, pela autópsia, não há dúvidas de que ele é o autor do disparo. "O resultado do varrimento das mãos do Nisman lamentavelmente deu negativo, mas não era um resultado inesperado. O calibre da arma é pequeno e usualmente não permite que o varrimento dê positivo. Isso não descarta que ele tenha disparado e o resultado da autópsia confirma isso de maneira categórica."

Ela informou também que a arma pertencia a um empregado que trabalhava com Nisman desde 2007 na área de informática da promotoria. "Era um técnico de informática, uma pessoa próxima, que trabalhou anos com Nisman", explicou. Não foi achada nenhuma outra arma no apartamento.

Bilhete de compras

A família de Nisman encontrou um bilhete com uma lista de compras que a empregada doméstica deveria fazer na segunda (19). Sua morte foi confirmada justamente na madrugada desse dia. Um primo de segundo grau de Nisman revelou ter encontrado o bilhete ao presidente de uma entidade da comunidade israelita, Jorge Kirszenbaum.

Kirszenbaum, que diz estar em contato com parentes de Nisman, afirma que a família não cogita a possibilidade de suicídio. Tios e primos do promotor publicaram um anúncio de falecimento nos jornais e escreveram que a morte era injusta.

O representante da comunidade israelita também revelou a última foto que Nisman tirou: mostra a imagem dos documentos que ia usar no seu depoimento no Congresso, marcado para a segunda (19) e que não chegou a acontecer.

O caso

O promotor argentino Alberto Nisman, 51, foi encontrado morto na noite de domingo (18). Ele havia acusado a presidente Cristina Fernández de Kirchner de encobrir os autores do ataque à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que deixou 85 mortos e 300 feridos em 1994. Ele foi encontrado por sua mãe e por policiais que faziam sua escolta baleado com um tiro na têmpora dentro do banheiro de seu apartamento em Puerto Madero, bairro nobre da cidade de Buenos Aires.

Ao seu lado, estava um revólver calibre 22 com que ele teria se matado, segundo Viviana Fein, a promotora que investiga o caso. Fein afirma que o laudo da autópsia revelou que "não houve intervenção de terceiras pessoas", embora ela não descarte a possibilidade de um "suicídio induzido".

A promotora ainda investiga de quem seria o revólver usado por Nisman para se matar. Nisman apresentaria na segunda (19) ao Congresso argentino as provas da denúncia que envolve, além da presidente, o chanceler Hector Timerman e outros aliados da Casa Rosada. Eles são acusados de negociar um acordo com Teerã para que os suspeitos iranianos do atentado à Amia não fossem investigados. Em 2013, os dois países assinaram um entendimento para que os suspeitos fossem interrogados na capital iraniana, o que os favoreceria.

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