Os protestos contra governos nacionais ganharam força em diferentes países árabes neste sábado (19). Barein, Líbia, Iêmen, Argélia e Djibouti intensificaram os seus protestos contra os regimes governistas. A crise no mundo islâmico aumento após os presidentes do Egito e da Tunísia serem derrubados por protestos em massa ocorridos neste ano.

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Demonstrando preocupação com a situação que se alastra, a Liga Árabe disse neste sábado ser importante que aconteça em março a cúpula do organismo em Bagdá, devido ao que descreveu como "graves e fatais acontecimentos" no mundo árabe.

Um comunicado emitido da sede da Liga Árabe, no Cairo, informou que um pedido formal de adiamento da cúpula dos líderes árabes, marcada para 29 de março, ainda não havia sido recebido pelo secretariado-geral do organismo. Líbia, que detém a presidência rotativa, afirmou nesta semana que a reunião em Bagdá seria adiada por causa da situação na região.

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Barein

O governo do Bahrein cedeu às pressões internacionais e retirou seus tanques da Praça da Pérola, no centro da capital Manama, onde se concentram as manifestações antigoverno, uma das condições exigidas pela oposição para dar início ao diálogo político com o regime. Com isso, o local voltou a ser ocupado por milhares de manifestantes.

No Barein, um importante aliado dos EUA e que abriga bases militares norte-americanas no Oriente Médio, o principal bloco de oposição Xiita rejeitou um convite do rei, para dialogar, depois dos distúrbios dessa semana na ilha, disse um ex-deputado Xiita à Reuters.

O rei do Barein propôs um diálogo nacional com todos os partidos na sexta-feira para tentar colocar um ponto final na agitação que já custou seis vidas e centenas de outras vítimas desde segunda-feira.

Mais de 60 pessoas estavam hospitalizadas neste sábado após os conflitos entre os manifestantes e as forças de segurança do Barein, que dispararam contra os cidadãos quando eles se dirigiam para a Praça Pearl no dia anterior.

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Líbia

Franco-atiradores das forças especiais da Líbia atacaram neste sábado um grupo que estava reunido na segunda maior cidade do país, Benghazi, para lamentar a morte de 35 manifestantes na sexta-feira. Segundo um funcionário de um hospital local, 15 pessoas morreram no ataque, incluindo um homem aparentemente atingido por um míssil antiaéreo.

Mais cedo, as forças de segurança atacaram um acampamento de manifestantes contra o governo em Benghazi, deixando mais mortos e feridos, segundo testemunhas. O grupo de direitos humanos Human Rights Watch, com sede em Nova York, estima que pelo menos 85 pessoas morreram em três dias de protestos, com base em informações de hospitais e testemunhas. As informações são da Associated Press.

Iêmen

Um manifestante contrário ao governo do Iêmen foi morto e sete pessoas ficaram feridas em confrontos com partidários do presidente Ali Abdullah Saleh em Sanaa, neste sábado, um dia após cinco pessoas serem mortas nas passeatas contra o regime de 32 anos.

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Saleh culpou "interesses estrangeiros" e "uma conspiração contra o Iêmen, sua segurança e sua estabilidade" pela série de protestos contra a pobreza, o desemprego e a corrupção, que ganharam fôlego desde os levantes na Tunísia e no Egito.

Argélia

Manifestantes, estimados entre centenas e milhares, se reuniram no centro de Argel neste sábado, mas foram impedidos de chegar à Praça 1º de Maio, onde os líderes de oposição planejavam realizar novos protestos contra o regime do país do Norte da África.

Por semanas, os argelinos têm ido às ruas, inicialmente para protestar contra o aumento dos preços e depois para pedir reformas políticas profundas. O governo, reagindo aos protestos e à onda de manifestações que ocorre na região, prometeu concessões, entre elas a suspensão do estado de emergência na Argélia.

Os grupos de oposição Rali pela Cultura e Democracia (RCD) e Liga Argelina pela Defesa dos Direitos Humanos disseram que os manifestantes que se reuniam perto da praça foram agredidos por forças de segurança e dispersados depois que vários ficaram feridos, segundo informações da Agência Dow Jones.

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Djibouti

Manifestantes antigovernistas vigiados por tropas de choque da polícia ocuparam as ruas da cidade de Djibouti, depois das orações da tarde, na sexta-feira, pedindo a renúncia do presidente Ismail Omar Guelleh, cuja família está no poder da pequena nação do nordeste da África, desde a sua independência da França em 1977, informou a imprensa. Guelleh tomou posse em 1999 e espera-se que ele concorra a um terceiro mandato em abril deste ano.

Djibouti, uma ex-colônia francesa que separa a Eritréia da Somália, abriga a maior base militar francesa na África e uma importante base dos EUA. Seu porto é utilizado pela marinha estrangeira que faz a patrulha das movimentadas vias marítimas na costa da Somália, para combater a pirataria. A taxa de desemprego é de aproximadamente 60 por cento.

Kuwait

A polícia do Kuwait disparou gás lacrimogêneo contra centenas de árabes que exigiam cidadania no segundo dia de protestos em um vilarejo próximo à capital do país, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) neste sábado, disse um ativista de direitos humanos. Ao todo, 30 pessoas ficaram feridas. Fontes das forças de segurança disseram que 50 pessoas foram presas.

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Cerca de 300 manifestantes entraram em confronto com os policiais em As-Salbiya, nas cercanias da Cidade do Kuweit, ferindo aproximadamente sete pessoas segundo testemunhas.

Homens e mulheres se reuniram em Ruwi, uma zona comercial da capital, Muscat, depois das orações e gritavam "queremos democracia," enquanto outros gritavam "melhores salários e empregos."

Tunísia

Milhares de manifestantes contrários aos islâmicos tomaram a principal avenida de Túnis neste sábado. O protesto encerra semanas de calma na capital do país do norte da África e levou as autoridades a ameaçar com uma reação forte.

Um levante popular na Tunísia em janeiro derrubou o presidente Zine al-Abidine Ben Ali, que deixou o país, e resultou numa onda de protestos pelo mundo árabe. A queda do presidente abriu caminho para a influência islâmica, reprimida sob o antigo governo no país.

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Egito

Um tribunal aprovou neste sábado a criação de um novo partido político que pediu licença para funcionar por 15 anos. Com a autorização, o partido é o primeiro a ser reconhecido desde a saída de Hosni Mubarak e mostra a reviravolta político que está atingindo o Egito.

A movimentação, que foi feita para acalmar reformistas e grevistas e para mostrar distância do regime de Mubarak, também foi seguida pela decisão do governo interino de trocar quatro ministros em uma minirreforma ministerial, disse um funcionário público do Egito em entrevista à imprensa estatal.

Estados Unidos

A agitação se espalhou da Tunísia e do Egito para Barein, Líbia, Iêmen, Djibouti, deixando os EUA com o dilema de manter a estabilidade na região rica em petróleo, enquanto defende o direito de manifestações para uma mudança democrática.

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O presidente dos EUA, Barack Obama condenou a violência, pressionando o governo do Barein para que aja com moderação. De acordo com a Casa Branca, Obama disse que a estabilidade do país, vizinho da Arábia Saudita, depende do respeito pelos direitos do seu povo.

Os EUA e os grandes produtores de petróleo da Arábia Saudita vêem o Barein como um reduto Sunita contra o poder regional Xiita do vizinho Irã.