O presidente russo Vladimir Putin prestou homenagem a Fidel Castro como o “símbolo de uma era” e um “amigo sincero e confiável da Rússia”, informou neste sábado (26) o Kremlin em um comunicado após a morte. “O nome deste distinto homem de Estado é com razão considerado o símbolo de uma era na história mundial contemporânea”, disse Putin em um telegrama enviado ao presidente cubano Raúl Castro e citado pelo Kremlin. “Fidel Castro foi um amigo da Rússia sincero e confiável”, acrescentou.
O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev também falou sobre o líder cubano. “Fidel resistiu e fortaleceu seu país durante o bloqueio americano mais duro, quando havia uma pressão colossal sobre ele e ainda assim tirou seu país desse bloqueio para um caminho para um desenvolvimento independente”, declarou Gorbachev, citado pela agência de notícias russa Interfax.
Outros líderes mundiais também se manifestaram na manhã deste sábado. O presidente francês François Hollande falou de Fidel Castro horas depois do anúncio da morte. “Fidel Castro encarnou a revolução cubana, nas esperanças que criou e depois nas desiluções que provocou”, declarou Hollande, em um comunicado. “Ator da Guerra Fria (...), soube representar para os cubanos o orgulho da recusa do domínio externo”. Hollande pediu a suspensão definitiva do embargo que “pune” Cuba. “Por ocasião da morte de Fidel Castro quero insistir para que o embargo que pune Cuba seja definitivamente suspenso” e “Cuba possa ser plenamente considerado na comunidade internacional como um parceiro”, disse Hollande, em uma declaração à imprensa durante a cúpula de Francofonia celebrada em Madagascar.
O Papa Francisco enviou um telegrama ao presidente de Cuba, Raúl Castro, lamentando a morte do irmão mais velho e líder cubano. “Meu sentimento de tristeza para sua excelência e sua família”, escreveu. Em um sinal de estima pessoal, Francisco assinou o telegrama, quebrando o protocolo do Vaticano de que o Secretário de Estado é quem tradicionalmente envia este tipo de mensagem. Francisco e Castro se encontraram durante uma visita papal a Cuba em setembro de 2015.
“Fidel Castro foi uma das personalidades mais emblemáticas do século XX. A Índia lamenta a perda de um grande amigo”, declarou Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia. O presidente do governo espanhol Mariano Rajoy classificou como “figura de porte histórico” o líder cubano Fidel Castro, em uma mensagem de pêsames enviada pelo Twitter. “Minhas condolências ao governo e às autoridades cubanas pelo falecimento do ex-presidente Fidel Castro, uma figura de porte histórico”, escreveu Rajoy.
Fidel Castro “viverá eternamente”, disse o presidente chinês Xi Jinping. A respeito das relações entre Cuba e China, Xi Jinping lembrou que cresceram rapidamente graças aos esforços de Castro, depois que os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 1960. Em um documentário difundido horas depois do anúncio da morte do líder cubano, a TV nacional chinesa CCTV reportou que Fidel “admirava” o presidente chinês Mao Zedong e “lamentava não ter podido conhecê-lo”. Embora os dois países compartilhassem a ideologia comunista, suas relações até a morte de Mao (1976) foram distantes, devido à Presidência de Cuba na órbita da União Soviética, rival da China desde os anos 1960. Os dois países se aproximaram desde a queda da URSS, e os dirigentes chineses viajaram várias vezes à ilha. Xi Jinping “visitou seu antigo amigo, Fidel Castro, durante sua visita de Estado a Cuba”, em julho de 2014, lembrou CCTV. Fidel Castro visitou Pequim em 1995.
Canadá
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, expressou neste sábado sua “tristeza” pela morte do líder da Revolução cubana Fidel Castro, de Antananarivo, onde participa da 16º cúpula de Francofonia. Trudeau lamentou a morte de um “velho amigo” de seu país e de sua família, recordando a relação que seu pai, o falecido primeiro-ministro canadense Pierre-Elliott Trudeau (1919-2000). “Hoje me inteirei com profunda tristeza da morte do presidente cubano que mais tempo exerceu essa função”, declarou Trudeau em um comunicado divulgado da capital de Madagascar.
O dirigente canadense classificou Castro de “figura controversa”, mas defendeu parte de suas conquistas em quanto este à frente do país. “Fidel Castro, um líder fora do comum, esteve há quase meio século a serviço do povo cubano. Revolucionário e orador lendário, Castro fez importantes avanços nos âmbitos da educação e da saúde em sua ilha natal”, assegurou. “Seus partidários e seus críticos reconheciam seu imenso amor e entrega para o povo cubano, que sentia um afeto profundo e duradouro por ‘El Comandante’”, acrescentou.
Trudeau fez na semana passada uma visita oficial a Cuba, onde foi recebido pelo atual presidente, Raúl Castro, irmão de Fidel. No entanto, o esperado encontro com o líder da Revolução cubana não aconteceu, sem que as autoridades canadenses ou cubanas tenham dado explicações. Canadá e México foram os únicos dois países da América que não romperam relações diplomáticas com Cuba nos anos 60, quando os EUA tentavam isolar o governo comunista de Fidel Castro.
O ex-presidente cubano estabeleceu nos anos 70 uma profunda amizade com o pai de Trudeau. Após sua morte em 2000, Fidel viajou ao funeral em Montreal e consolou o jovem Justin diante das câmeras. “Sei que meu pai estava muito orgulhoso de considerá-lo um amigo, e teve ocasião de ver a Fidel quando meu pai faleceu. Também foi uma verdadeira honra de conhecer seus três filhos e seu irmão, o presidente Raúl Castro, durante minha recente visita a Cuba”, declarou Trudeau.