Alvo de dois atentados terroristas que chocaram o mundo no ano passado, a França registra a cada dia a presença de mais fundamentalistas em seu território. De acordo com relatório oficial obtido com exclusividade pelo jornal “Le Figaro”, as autoridades francesas identificaram um total de 8.250 pessoas radicalizadas no país, enquanto no ano anterior esse número era menos da metade: 4.015.
Todos eles, 20% menores de idade, foram incluídos na lista devido a atitudes como mudança de identidade, apologia ao terrorismo e hostilidade com instituições francesas.
O levantamento é resultado da plataforma antiterrorismo, lançada pelo Ministério do Interior em abril de 2014. Todas as instituições francesas são encarregadas de identificar pessoas radicalizadas. As denúncias servem de apoio para o governo tomar medidas como vigilância especial, proibição de saída do território nacional, participação em serviços sociais com apoio psicológico ou educativo ou acompanhamento especial por parte dos pais no caso de menores. Tudo depende da idade e do grau de radicalização identificado.
Desde a implementação da plataforma, o governo fechou 4.848 sites ou contas de redes sociais e proibiu 275 pessoas de saírem da França. A França é o país mais ameaçado neste momento pelo terrorismo jihadista. Mais de 570 franceses estavam na Síria e no Iraque em novembro passado e 141 morreram, de acordo com o último balanço do governo.
Tanto os autores dos atentados de janeiro de 2015 como alguns dos ataques de novembro eram franceses. Centenas de combatentes (300 no ano passado) na Síria e no Iraque voltaram à França, considerados os mais perigosos pelas autoridades.
Um dos dados mais surpreendentes do relatório da Unidade de Coordenação de Luta contra o Terrorismo (Uclat) mostra que os jovens não se radicalizam em um ambiente solitário através da internet. “O gatilho está ligado em 95% dos casos a um contato humano”, diz. “Só depois as redes sociais reforçam a radicalização”.
Surpreende também a situação no Sudeste do país, com uma proporção muito elevada de radicalização. O Ministério do Interior ainda não divulgou os dados oficialmente e não respondeu a reportagem do “Le Figaro”.
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