Simpatizantes dos insurgentes líbios queimam cartazes com foto de Kadafi e bandeiras do regime| Foto: Reuters

Família

Um dos filhos de Kadafi reaparece e outro foge

Saif al Islam, um dos filhos do ditador líbio, Muamar Kadafi, supostamente preso pelos rebeldes, apareceu há pouco em Trípoli diante de jornalistas e negou ter sido detido. Horas antes, divulgou-se que Mohamed Kadafi, outro dos herdeiros do líder, escapou após ser detido pelos insurgentes.

Mohamad, filho mais velho de Kadafi, conseguiu burlar a vigilância de um grupo de rebeldes que o mantinha preso em sua casa em Trípoli, de acordo com a tevê Al Jazeera. Fruto do primeiro casamento de Kadafi, ele teria conseguido fugir graças à ajuda de uma brigada de homens leais a seu pai, segundo a emissora de tevê.

No domingo à noite, depois que os rebeldes tomaram o controle da capital, foi anunciado que Mohammed havia se rendido sem opor resistência.

Jornalistas internacionais baseados no Hotel Rixos, um dos últimos redutos dos defensores do ditador da Líbia, afirmam que estavam sendo impedidos ontem de deixar o local em meio aos intensos confrontos nas ruas da capital. Conforme os tiroteios e bombardeios se aproximavam do hotel, jornalistas de diversos países informam por meio de suas contas no Twitter que a situação em Trípoli está cada vez mais insustentável.

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A hesitação do governo do Bra­­sil em condenar o ditador da Lí­­bia, Muamar Kadafi, pode custar bilhões às empresas brasileiras.

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O porta-voz da petroleira líbia Agoco, que se aliou aos rebeldes, indicou ontem que Brasil, Rússia e China poderão ficar de fora dos negócios do país no novo governo.

A resposta dos rebeldes é resultado da decisão desses países de se abster sobre as sanções contra Kadafi.

A Petrobras extrai petróleo no mar da Líbia desde 2005, quando venceu uma licitação para ser sócia na exploração no noroeste da costa do país, no Mar Medi­­terrâneo.

A empresa confirmou ontem que suas atividades na Líbia estão suspensas e, em nota, limitou-se a comentar que segue acompanhando a situação no país.

Além da petroleira, três construtoras atuavam na Líbia quando a onda de revoltas chegou ao país: Odebrecht, Quei­roz Galvão e Andrade Gutierrez. A Odebrecht tinha 2,3 bilhões de euros (R$ 5,3 bilhões) em contratos.

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"Nós não temos problemas com os ocidentais, como as em­­presas italianas, francesas e in­­glesas. Mas nós podemos ter al­­guns problemas políticos com Rús­­sia, China e Brasil", disse Abdeljalil Mayouf, porta-voz da petroleira Agoco à agência Reu­­ters.

Apesar do avanço dos rebeldes sobre a capital, o Brasil ainda não reconhece a formação de um novo governo pelos rebeldes.

O porta-voz do Itamaraty, To­­var Nunes, disse ontem que o Bra­­sil vai reconhecer o embaixador líbio em Brasília, Salem Zu­­beidy, aliado do ditador, enquanto não houver uma comunicação oficial da Líbia para que o diplomata seja "desacreditado".

A bandeira dos rebeldes foi hasteada na Embaixada da Líbia, em Brasília. A troca de bandeiras foi feita na noite de domingo, após a capital Trípoli ter sido praticamente tomada pelos rebeldes. A bandeira da Líbia de Ka­­da­­fi foi jogada no lixo, junto com camisetas, cartazes e fotos do ditador.

De acordo com Adel Swasy, di­­plomata líbio, ainda que o em­­bai­­xador no Brasil, Salem Zu­­bei­­dy, seja pró-Kadafi, a bandeira rebelde foi mantida. "Isso aqui [em­­baixada] se chama terra líbia, não terra do embaixador", disse Swasy.

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Segundo Mohamed El Zwei, lí­­bio que mora no Brasil há 24 anos, o hasteamento da nova bandeira foi motivo de "festa e dança". "É o motivo pelo qual es­­­­tamos aqui", afirmou Zwei, que está em Brasília desde sexta-feira, quando houve manifestação de cerca de 30 líbios contra o regime de Kadafi.