O religioso e chefe dos rebeldes da Mesquita Vermelha de Islamabad, Abdul Rashid Ghazi, morreu nas mãos dos extremistas no interior do templo porque estava disposto a se render, afirmou nesta terça-feira (10) um porta-voz do ministério do Interior.

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Depois de cerca de uma semana dentro do local e sempre dizendo que só sairia morto da mesquita, Ghazi acabou sendo morto pelos radicais, segundo as fontes oficiais. Já uma fonte do Exército disse para a agência de notícias "Reuters" que o líder foi morto após um ataque militar

O conflito na mesquita aconteceu após estudantes invadirem o local com sete reféns, há cerca de uma semana, para cobrar o governo. Liderados por Abdul Aziz, preso no último dia 4 vestido com uma burca, eles exigem que o ditador Pervez Musharraf endureça as leis religiosas e que fortaleça um regime mais próximo ao do Talibã e que reduza a ligação com o governo dos Estados Unidos. Hoje, o regime é laico no país.

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Reforço

Devido à forte resistência dos radicais entrincheirados na Mesquita Vermelha, o Exército do Paquistão se viu obrigado a enviar tropas de reforço depois de mais de 12 horas de operação no templo, que deixou vários mortos e feridos.

"Não esperávamos uma resistência tão forte", reconheceu o porta-voz do Exército, general Waheed Arshad, que informou sobre dez mortos e 28 feridos entre os efetivos dos comandos especiais do Exército que atuam na chamada Operação Silêncio.

Segundo o general, o número de mortos entre os entrincheirados na mesquita chega a 50, mas há corpos espalhados por todo o local, o que impossibilita uma contagem final enquanto a operação estiver em andamento.

Os canais de televisão mostraram imagens de soldados apoiados por veículos com lançadores de mísseis e armamento pesado. O porta-voz militar afirmou que várias crianças saíram do complexo, vinte delas que escaparam durante a madrugada, quando as tropas iniciavam a operação, e outras 18 que foram levadas para um "ponto de rendição".

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Arshad acrescentou que cerca de quarenta mulheres saíram da mesquita, assim como oito homens que estavam gravemente feridos.

Antes da operação, o governo assegurava que até 500 mulheres e crianças eram reféns de dezenas de radicais armados, alguns deles estrangeiros, liderados pelo "número dois" do templo, o clérigo Rasheed Ghazi.

Durante as primeiras horas da invasão militar, quando ainda conseguia se comunicar com a rede "Geo TV" por telefone, Ghazi disse ter certeza de que morreria na operação e pediu aos seguidores que continuassem a "missão" de impor a sharia (lei islâmica) no Paquistão e derrubar o presidente Pervez Musharraf.

Horas antes, o clérigo tinha estado a ponto de assinar um acordo com enviados do governo que previa sua prisão em domicílio durante dez anos em sua cidade natal, Baluchi.

O governo informou que as tropas tinham tomado o controle da mesquita e de 80% da madraçal (escola corânica) Jamia Hafsa, ao lado do templo, após encurralar os extremistas em seus porões.

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Saía uma fumaça preta da escola corânica, que abrigava 3 mil alunas, o que indica que há um incêndio dentro do edifício.

As fontes governamentais asseguraram que as tropas tinham conseguido tirar os radicais dos porões - segundo algumas versões, usando gás nervoso - e os levaram para o quarto principal da madraçal.

O porta-voz militar e outras fontes oficiais anunciaram uma suspensão temporária da operação para garantir a segurança dos reféns, mas por volta das 13h (5h de Brasília) começou uma nova troca de tiros e o Governo reconheceu que continuava enfrentando resistência em vários pontos da escola.

"Vamos passo a passo, quarto por quarto. Como há crianças e mulheres dentro, estamos tendo o maior cuidado para evitar efeitos colaterais", afirmou Arshad, explicando que o complexo possui 75 quartos, porões e pátios e que os radicais estão bem treinados e equipados.

Uma fonte diplomática opinou que o regime não esperava uma resistência deste tipo na mesquita, onde parece ter sido estabelecido um "quartel jihadista" com militantes bem motivados.

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"Não posso dizer quanto tempo vai levar" para acabar com a Operação Silêncio, acrescentou Arshad, que no início da invasão calculava o seu fim em três ou quatro horas.

Segundo o ministro do Interior, Aftab Sherpao, os radicais estão equipados com armamento pesado, como plataformas de lançamento de foguetes, fuzis kalashnikov e granadas.

Sherpao informou nesta terça-feira que foi declarado o alerta máximo em todo o país para evitar reações à operação militar contra a Mesquita Vermelha.

O ministro disse que a invasão ao complexo continuará até que as tropas especiais consigam tirar todos os radicais das instalações da mesquita.

Antes da notícia sobre a morte do líder, o presidente Musharraf havia dado ordem às tropas para capturar Ghazi vivo.

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Entre as mulheres detidas estão a mulher e uma das filhas do principal líder da Mesquita Vermelha, Abdul Aziz, detido na quarta-feira quando tentava fugir vestido com uma burca.