Berlim, Paris e Roma são contra a abertura das negociações pós-Brexit com Londres antes que o Reino Unido formalize seu pedido de saída da União Europeia (UE), declarou nesta segunda-feira a chanceler alemã, Angela Merkel.
“Estamos de acordo sobre isso. Não haverá discussões formais, ou informais, sobre a saída da Grã-Bretanha da UE, enquanto não houver pedido de saída da UE ao Conselho Europeu”, declarou Merkel, em Berlim, ao lado do presidente francês, François Hollande, e do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.
Na Grã-Bretanha, os partidários do Brexit parecem querer ganhar tempo, dando a impressão de querer tirar o máximo de vantagens para o país antes da formalização da saída.
“A responsabilidade é não perder tempo para tratar da questão do Reino Unido”, ressaltou Hollande.
“É preciso rapidez, e isso quer dizer que o (futuro) governo britânico (...) deve notificar o quanto antes sua decisão de sair da UE”, ressaltou a chanceler, considerando que o Brexit pode “acontecer mais rápido do que prevê o calendário” europeu, que fala de dois anos.
Para o presidente francês, o referendo britânico abriu “um período de grande incerteza”.
Nesse contexto, os três países também querem propor aos outros membros da UE que deem um novo impulso ao projeto europeu em vários âmbitos, declarou Merkel.
Para evitar que as “forças centrífugas” avancem na Europa e que o voto britânico dê ideias a outros países, “vamos apresentar uma proposta aos nossos colegas para dar um novo impulso ao projeto europeu em diferentes âmbitos nos próximos meses”, completou a alemã.
A chanceler ressaltou que alguns avanços são analisados nas áreas “da defesa, crescimento, emprego e competitividade”.
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Já o presidente Hollande considerou que o bloco “não deve perder tempo” para responder aos desafios impostos pelo Brexit, evocando avanços no bloco nas áreas de “segurança, proteção das fronteiras, luta contra o terrorismo”, bem como crescimento e emprego “com o apoio ao investimento” e ajuda à juventude.
Renzi considerou, por sua vez, que existe “uma necessidade muito clara e muito forte de remodelar o projeto europeu nos próximos anos”.
Em uma declaração comum, os três dirigentes determinaram “três prioridades essenciais”: a “segurança interna e externa”, com foco na luta contra o terrorismo, no desenvolvimento da defesa europeia e na vigilância das fronteiras externas da Europa, além de “uma economia forte e uma coesão social forte”.
No domínio econômico, a declaração fala, para os países da zona do euro, de uma maior convergência, “principalmente nas áreas social e fiscal”, onde muitos governos são muito afeitos às suas prerrogativas nacionais.
Essa proposta deve começar a ser discutida na quarta-feira (29) durante uma cúpula dos chefes de Estado e de Governo da UE em Bruxelas sobre o Brexit. Em setembro, acontece um encontro especial dos 27 para tratar de um acordo “a respeito de projetos concretos a serem realizados na Europa nos seis próximos meses”.