A Rússia anunciou nesta quarta-feira (17) que rejeitará qualquer solução militar ao conflito na Síria e advertiu que fará oposição a uma possível intervenção armada, embora tenha defendido o diálogo e a criação de um governo de transição que reúna todos os grupos.
"Se continuarem focados na questão militar, o conflito será ampliado, emergirão mais células da Al Qaeda e os massacres continuarão", advertiu o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, durante uma entrevista coletiva em Istambul.
O chefe da diplomacia russa, que faz uma visita oficial à Turquia, criticou que alguns países árabes tenham reconhecido a oposição como representantes do Estado sírio e também fornecido armamentos, algo que, segundo Lavrov, é contrário às leis internacionais.
"Alguns países insistem em que o conflito deve continuar até que um dos lados alcance a vitória, mas essa postura não é nada realista", ressaltou Lavrov.
Neste aspecto, o ministro russo cobrou mais respeito aos princípios de Genebra, estipulados em junho de 2012, que preveem um diálogo nacional e um Governo de transição integrado por representantes de todos os bandos, algo que não é aceito tanto pelos opositores como pelo regime de Bashar al Assad.
"Não apoiamos uma mudança de regime, mas um consenso para alcançar a paz. As partes envolvidas devem cessar a violência e a luta armada de maneira incondicional. Caso contrário, seguirão perdendo vidas de civis", advertiu Lavrov.
Já o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, mostrou seu desacordo e denunciou que o presidente sírio, Bashar al Assad, "segue massacrando seu próprio povo".
"É preciso cessar o derramamento de sangue e respeitar a vontade do povo: a Síria não pertence a outros países e também não é uma propriedade privada de Assad", reforçou.
Após o encontro de hoje, ambos os ministros indicaram que não se aprofundaram na questão síria, já que o conflito será tratado na Conferência de Amigos do Povo Sírio, que será iniciada no próximo dia 20 de abril em Istambul.
Neste aspecto, Lavrov advertiu que esta reunião não terá êxito, já que só contará com a oposição síria, mas não o governo do país. "Isolar um bando nunca é positivo, tendo em vista a perda do diálogo", alertou Lavrov.
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