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Tensão

Rússia diz que expulsão de diplomatas em Londres é imoral

A Rússia chamou de "imoral" e de "provocação" a decisão da Grã-Bretanha de expulsar quatro diplomatas russos em represália à recusa da Rússia em extraditar o suspeito da morte do ex-agente da KGB Alexander Litvinenko, por envenenamento, e deu sinais de que vai rebater a medida.

"A posição de Londres é imoral", disse a repórteres o porta-voz chefe do Ministério das Relações Exteriores, Mikhail Kamynin.

"Em Londres eles deveriam saber que ações tão provocativas tramadas pelas autoridades britânicas não ficarão sem resposta, e só podem ter as mais graves conseqüências para as relações entre a Rússia e a Grã-Bretanha."

Kamynin disse que o ministro Sergei Lavrov tinha manifestado a mesma opinião para o ministro britânico das Relações Exteriores, David Miliband, num telefonema.

Reação

O porta-voz não esclareceu qual será a reação russa, mas, nos tempos da Guerra Fria, expulsões de diplomatas costumavam ser rebatidas com o mesmo tipo de medida. A última vez que Grã-Bretanha e Rússia expulsaram diplomatas entre si foi em 1996.

A agência de notícias Interfax citou uma "fonte informada em Moscou" - uma referência tradicional a vazamentos do alto escalão - afirmando que a resposta russa não será necessariamente na mesma moeda. "Isso nos levaria de volta ao tempo da Guerra Fria", disse a fonte. "A Rússia está comprometida com os princípios da lei internacional e não vai se render à chantagem."

Autoridades russas afirmam que a decisão de não extraditar Andre Lugovoy baseia-se na constituição do país e portanto não é negociável. "Estou convencido de que todos esses anúncios das autoridades britânicas visam ao consumo doméstico", disse Logovoy.

O Ministério das Relações Exteriores russo usou o mesmo tom. "É uma ação orquestrada que visa a politizar o chamado caso Litvinenko, no qual o lado russo está disposto a colaborar totalmente com as autoridades britânicas", disse Kamynin.

Ele acusou a Grã-Bretanha de usar o caso para justificar sua própria recusa em extraditar o magnata bilionário Boris Berezovsky e o líder checheno Akhmed Zakayev, como pede Moscou.

"A decisão de Londres reflete sentimentos ‘russofóbicos’ criados artificialmente nos círculos públicos britânicos, que parecem ter passado para a esfera da política externa", disse o ministério russo numa nota em separado.

Expulsão

A Grã-Bretanha disse que vai expulsar quatro diplomatas do país em represália à recusa da Rússia em extraditar o principal responsável pelo assassinato por envenenamento radioativo do ex-agente da KGB Alexander Litvinenko. O secretário das Relações Exteriores britânico, David Miliband, disse que a medida não é "anti-Rússia", mas afirmou que o objetivo é mostrar o quão a sério a Grã-Bretanha levou a decisão da Rússia.

"É uma situação que o governo não buscou e que não é bem vinda. Mas não temos escolha senão lidar com ela", disse Miliband num discurso ao Parlamento. A Rússia afirmou que vai dar uma "resposta adequada", segundo a agência estatal RIA Novosti.

Litvinenko, ex-agente do Serviço Federal de Segurança da Rússia, fugiu para a Grã-Bretanha e tornou-se um crítico mordaz do presidente Vladimir Putin. Ele morreu em Londres no ano passado, depois de ter ingerido uma dose letal do isótopo radioativo polônio 210.

A Rússia recusa-se a extraditar Andrei Lugovoy, também ex-agente, e as relações entre Londres e Moscou se deterioraram. Promotores britânicos querem processar Lugovoy pela morte de Litvinenko.

"Optamos por expulsar quatro diplomatas, quatro diplomatas em particular, para mandar um sinal claro e proporcional ao governo russo sobre a seriedade desse caso", disse Miliband, que também agradeceu o apoio da União Européia.

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