Militares ucranianos preparam taques antes de carregá-los em uma estação ferroviária na Crimeia| Foto: Reuters/Stringer

A Rússia anunciou nesta terça-feira sua disposição de dialogar com Kiev, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos sobre a crise ucraniana, mas deixou claro que antes é necessário determinar a agenda das negociações.

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"Na realidade, estamos dispostos a um formato (de negociações) de vários lados, no qual estejam representados os europeus, os Estados Unidos, a Rússia e a parte ucraniana", disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, em entrevista coletiva.

O chanceler, que ontem manteve uma conversa telefônica com o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou que Washington acredita que as negociações podem começar em cerca de dez dias.

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Lavrov, no entanto, argumentou que a data exata não foi estipulada com Kerry, pois é "necessário entender como vai ser o formato dessa reunião, sua agenda".

O chefe da diplomacia russa expressou seu temor de que dentro desses dez dias as autoridades ucranianas preparem, sem consentimento das regiões orientais de maioria russa, o projeto da nova Constituição do país, que o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, prometeu finalizar em 15 de abril.

"Tenho uma pergunta: se planeja convocar a reunião de vários lados quando a minuta da Constituição já tiver sido apresentada e todas as regiões, que não têm confiança nas atuais autoridades, sejam colocadas diante de um fato consumado?", questionou Lavrov.

O diplomata se mostrou cético com o papel que aparentemente o Ocidente e as novas autoridades ucranianas querem que Moscou desempenhe, segundo ele "para consagrar com sua presença e legitimar um projeto da Constituição que ninguém viu até o momento".

"Estou falando isso abertamente pois frequentemente o conteúdo de nossas negociações é distorcido pelos representantes americanos", alertou.

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Lavrov afirmou que Moscou ainda não recebeu nenhum esclarecimento sobre as remodelações que as autoridades ucranianas pretendem introduzir na reforma constitucional.

Moscou defende a federalização da Ucrânia, medida rechaçada pelo governo de Kiev, que considera a iniciativa uma "tentativa de destruir a integridade do Estado, cenário idealizado pela Rússia para desmembrar e destruir a Ucrânia".