Tropas pró-Rússia tomaram nesta segunda-feira (3) o controle de um terminal de balsas que liga a Ucrânia com a Rússia em Kerch, no leste da Crimeia, intensificando os temores de que Moscou vai enviar ainda mais tropas para a região estratégica do Mar Negro.

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O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, pediu ao Ocidente apoio político e econômico e disse que a Crimeia vai continuar a ser parte do país, mas admitiu que há possibilidade de ações militares.

Os soldados, que falavam russo, passaram a operar o terminal que serve como ponto de partida para Rússia. Um funcionário do governo norte-americano, que preferiu não se identificar, disse à agência Associated Press que os EUA acreditam que a Rússia já tenha controle sobre a Crimeia, com mais de 6 mil soldados na região e que agora os temores são de que o governo do presidente Vladimir Putin resolva expandir seu controle para outras regiões da Ucrânia.

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O Ministério da Defesa ucraniano disse que as forças de defesa interceptaram duas aeronaves russas que invadiram o espaço aéreo da Ucrânia na região do Mar Negro durante a noite.

Rússia acusa Ucrânia

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, acusou sexta segunda (3) no Conselho de Direitos Humanos da ONU o novo governo da Ucrânia de atacar as minorias que falam russo.

"Os extremistas seguem controlando as cidades. Ao invés de cumprirem o que prometeram, criou-se um governo dos vencedores, tomaram uma decisão no parlamento para reduzir os direitos das minorias linguísticas. Eles querem castigar a língua russa, os vencedores têm a intenção de utilizar os frutos de suas vitórias para atacar os direitos humanos", disse Lavrov ao defender a instauração de unidades de autodefesa para proteger as minorias russas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, respondeu que irá pedir a Lavrov para evitar discursos que possam aumentar a escalada de violência na Ucrânia.

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Pressão diplomática

Os países ocidentais aumentavam a pressão nesta segunda para encontrar uma saída diplomática com a Rússia, acusada pela Ucrânia de ter optado pela guerra depois que comandos pró-russos se apoderaram da Península da Crimeia.

A crise, uma das mais graves entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria, provocava quedas nas bolsas (a de Moscou operava em baixa de mais de 5%), assim como altas no preço do petróleo.

O secretário americano de Estado, John Kerry, anunciou que visitará Kiev terça-feira (4), para "reiterar o forte apoio dos Estados Unidos à soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia", indicou a porta-voz do departamento de Estado, Jen Psaki, em um comunicado.

Os Estados Unidos também pediram o envio imediato à Ucrânia de observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE) para tentar "promover o respeito da integridade territorial" desta ex-república soviética, independente desde 1991.

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Putin considerou que a Rússia havia dado uma resposta totalmente adaptada à "ameaça constante de atos violentos por parte das forças ultranacionalistas" ucranianas, embora em uma conversa com a chefe de governo alemã, Angela Merkel, tenha aceitado a criação de um grupo de contato para iniciar um diálogo político sobre a Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, convocou a Rússia a reconsiderar, diante do que avaliou como "a maior crise na Europa no século 21".

Hague e seu colega grego, Evangelos Venizelos, cujo país ocupa a presidência rotativa da União Europeia (UE), se reunirão na terça (4) com as novas autoridades ucranianas, depois da destituição, no dia 22 de fevereiro, do presidente Viktor Yanukovytch pelo Parlamento ucraniano.

Domingo (2), os líderes do G-7 de países mais industrializados condenaram a clara violação da soberania da Ucrânia por parte de Moscou e anunciaram a suspensão de seus preparativos visando a cúpula do G-8 (G-7+Rússia) em Sochi (Rússia) em junho.

Rússia

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A Otan pediu que Kiev e Moscou cheguem a uma "solução pacífica" da crise através do diálogo e "a mobilização de observadores internacionais", segundo seu secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen.

"A Rússia não quer a guerra com a Ucrânia", respondeu domingo (2) o vice-chanceler russo, Grigori Karasin.

A tensão persiste na Crimeia, embora os confrontos tenham sido evitados até agora.