O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que também é o atual presidente da União Européia, chegou na noite desta terça-feira (12) a Tbilisi, capital da Geórgia, para negociar um acordo de paz entre Geórgia e Rússia.
Sarkozy foi recebido, ainda no aeroporto, por seu colega georgiano, Mikhail Saakashvili.
Antes, o presidente francês havia se reunido com o presidente russo, Dimitri Medvedev, que endossou o plano de paz proposto pela União Européia e disse que ele "oferece um caminho" para resolver o problema da região separatista georgiana da Ossétia do Sul. Mas Medvedev ressaltou que as tropas de paz da Rússia vão permanecer nas regiões em conflito na Geórgia.
O teor da proposta européia foi anunciado em entrevista conjunta de Medvedev com Sarkozy, no mesmo dia em que a Rússia anunciou o fim dos ataques à Geórgia -o que foi negado pelo governo georgiano e desmentido por relatos dos dois lados do front. O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, que não participou da reunião, ainda não se pronunciou sobre o plano.
Foto: ReutersReutersOs presidentes da França e da Rússia, durante reunião sobre a guerra (Foto: Reuters)
A proposta de paz prevê que Rússia e Geórgia renunciem ao uso da força, encerrem todas as ações militares, permitam o livre acesso da ajuda humanitária no país e que as forças armadas da Geórgia retornem a suas posições anteriores.
"Eu acho que são bons princípios para lidar com o problema e acabar com essa situação dramática. Esses princípios podem ser usados tanto pela Geórgia como pela Ossétia do Sul", disse Medvedev em entrevista ao lado de Sarkozy.
"Se a Geórgia está realmente pronta para assinar, mandar suas tropas para suas posições originais e fazer o que esses princípios estipulam, então o caminho em direção à gradual normalização da situação na Ossétia do sul será aberto", disse. "Agora depende da Geórgia."
Medvedev também disse que o plano de paz inclui o começo de discussões internacionais sobre o status das regiões rebeldes da Geórgia.
O presidente russo também criticou seu colega da Geórgia, Mikhail Saakashvili, dizendo que ele agiu "como um lunático" e mentiu sobre um cessar-fogo durante o conflito.
Fora da CEI
Mais cedo, Saakashvili disse que seu país vai se retirar da CEI (Comunidade de Estados Independentes), bloco que agrupa 12 Estados que formavam a antiga União Soviética, segundo agências russas.
Cerca de 150 mil georgianos participam de manifestação de apoio ao governo na guerra contra a Rússia, em Tblisi (Foto: AFP)
"Estamos saindo da comunidade e propomos que outros países deixem esse organismo liderado pela Rússia", disse o presidente, durante um ato que reuniu cerca de 150 mil georgianos na capital, Tbilisi, nesta terça. Ele também disse que seu país "jamais se renderá" à Rússia.
O líder georgiano afirmou que o que está ocorrendo entre os rivais é como o que ocorreu "entre Davi e Golias" e acrescentou: "Davi vencerá".
Ele também acusou os russos de estarem criando "campos de concentração" nas aldeias sul-ossetianas de Kekhvi e Tamarasheni.
Aos gritos de "Geórgia, Geórgia", a multidão protestou contra o premiê russo, chamando-o de "terrorista" e acusando-o de "crimes contra a humanidade" por conta dos ataques russos à Geórgia.
O Conselho de Segurança da Geórgia anunciou, também nesta terça, que vai apelar ao Tribunal Internacional Penal da ONU contra a Rússia, a quem acusa de "limpeza étnica".
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