| Foto: AFP PHOTO / POOL / PHILIPPE WOJAZER

Nicolas Sarkozy foi eleito em 2007 com a proposta de transformar uma França adormecida, mas durante seu mandato, que espera renovar, foi construída uma imagem de um presidente desorganizado e impulsivo, tornando-se o governante mais impopular da V República.

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Há meses as pesquisas apontam sistematicamente Sarkozy como derrotado no segundo turno da eleição presidencial do dia 6 de maio, mas o presidente, apesar de reconhecer alguns erros, continua acreditando na vitória.

"Vou ganhar", repete desde que assumiu novamente o posto de candidato, no qual se destaca, segundo partidários e adversários, conseguindo subir nas pesquisas do primeiro turno (22 de abril) até ficar na liderança, lado a lado com o favorito, o candidato socialista François Hollande.

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Seu sonho de criança era ser presidente. E Nicolas Sarkozy de Nagy-Bocsa, filho de um imigrante húngaro, conseguiu, apesar de sua família não ser parte da burguesia francesa e ele, que chegou ao Palácio do Eliseu com um diploma de advogado, não ter estudado nas prestigiosas escolas francesas onde se formam as elites do país.

Ambicioso, trabalhador, enérgico, com um "insaciável apetite de ação", "sem duvidar de nada e muito menos de si mesmo", segundo o ex-presidente Jacques Chirac, Sarkozy superou metodicamente todos os obstáculos com efeitos dramáticos e traições.

Começou sua militância política na direita francesa aos 19 anos. Com apenas 28, foi eleito prefeito de Neuilly, um abastado subúrbio de Paris. Aos 34, conquistou sua primeira cadeira de deputado e quatro anos depois conseguiu uma pasta ministerial, a primeira. Aos 52 foi eleito presidente.

Ao chegar ao poder com 53% dos votos em maio de 2007 - derrotando no segundo turno a socialista Segolene Royal - com a promessa de "reformar a França", gozava de uma popularidade sem igual para um presidente francês desde o general Charles de Gaulle, fundador da V República em 1958.

"Não tenho direito de decepcionar", disse no dia de sua posse. Mas o estado de graça durou pouco. Pesquisas após pesquisas, acabou sendo o presidente mais impopular da França.

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"O mais importante é a maneira como dessacralizou a política e rebaixou a função presidencial a serviço de sua pessoa. O que os franceses reprovam nele é sua forma de ser e de fazer", opina a cientista política Stephane Rozes de Cap.

Nicolas Sarkozy é um estilo. Sem complexos, como a direita que deseja encarnar, quer romper os códigos, dizer as coisas diretamente, avançar rápido.

Mas seu estilo escandaliza. E isso desde o dia de sua eleição. Na mesma noite festejou sua vitória no seleto restaurante Le Fouquet's da Champs-Elysées, antes de passar suas férias no iate de um rico empresário. Rapidamente recebeu o apelido de "presidente bling-bling", expressão que alude a uma vida de novo rico, que contrasta com a discrição francesa.

Pouco depois de se divorciar de Cecilia Ciganer expôs seu romance com a modelo Carla Bruni, dando a impressão de estar mais preocupado com sua felicidade pessoal que com o destino dos franceses. Pouco tempo depois se casaram e em 2011, o casal teve uma filha, Giulia, quarto filho de Sarkozy.

Escandalizam também seus excessos de linguagem, um exemplo foi quando um homem se recusou a apertar sua mão, em reação, Sarkozy disse: "Sai daqui, pobre idiota!"

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Também desagrada sua maneira de exercer o poder e sua vontade de controlar e decidir tudo, relegando ao chefe do governo, François Fillon, o cargo de simples "colaborador".

A multiplicação das reformas e as decisões tomadas em função de informações de casos policiais fazem com que até mesmo as figuras de seu grupo o considerem disperso.

Ao fazer um balanço, seus partidários louvam seu voluntarismo. Essa determinação que o levou em 2011 a ser o motor da intervenção militar internacional na Líbia ou a contribuir para encontrar soluções para evitar a falência do sistema bancário mundial en 2008.

Admiram também sua "coragem" para impor medidas impopulares para, segundo eles, fazer com que a França avance, como a reforma do sistema de aposentadorias, a redução do número de funcionários públicos ou o serviço mínimo nos transportes públicos em caso de greve.

"Lançou mais reformas do que realmente levou até o final, mas tentou incentivar algumas que seus predecessores não ousaram enfrentar", enfatiza Bruno Jeanbart, do instituto de pesquisa OpinionWay.

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Os decepcionados que acreditavam em seu lema "trabalhar mais para ganhar mais" reprovam suas promessas não-cumpridas e seus favores fiscais aos ricos e seu flerte com a extrema-direita para ganhar votos.

Sarkozy reconheceu que cometeu "erros" e repete que mudou e amadureceu, e até admitiu recentemente que uma derrota eleitoral pode ocorrer, mas proclamou, dias depois, que tem certeza que irá ganhar.

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