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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Incêndio na Califórnia transforma microblog em fonte de notícia

Se os atentados de 11 de setembro marcaram a estréia oficial dos blogs como fontes de notícia, o mesmo acontece agora com os microblogs, que vêm ganhando força ao divulgar detalhes do incêndio que devastou mais de 166 mil hectares na Califórnia, em quatro dias. As informações são postadas tanto por jornais quanto por internautas que vivem perto das regiões atingidas.

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Os incêndios que atingem há seis dias o estado da Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, já causaram sete mortos, segundo um novo número divulgado nesta sexta-feira (26) pelo escritório do governador Arnold Schwarzenegger.

"Até agora pudemos confirmar a morte de sete pessoas diretamente por causa do fogo", declarou Rochelle Jenkins, porta-voz dos serviços de emergência do governador. Outras 64 pessoas ficaram feridas, segundo Jenkins, em meio a perdas milionárias em bairros exclusivos e depoimentos de imigrantes ilegais - vítimas das chamas que atingiram a fronteira com o México.

Os bombeiros que combatem há seis dias uma série de incêndios devastadores na Califórnia (oeste) trabalhavam nesta sexta-feira com a expectativa de controlar os focos em San Diego, depois de terem dominado as chamas nas proximidades de Los Angeles.

Os homens tiveram uma pausa para respirar, com uma trégua nos fortes ventos que vinham estimulando as chamas que destruíram pelo menos 1.800 casas e obrigaram à evacuação de meio milhão de pessoas no sul da Califórnia, onde nove focos ainda estão ativos.

A temperatura e a força dos ventos diminuíram consideravelmente nesta sexta depois das rajadas de 160 km/h numa região onde foram destruídos 2.000 km2 de terras. Com a melhoria das condições climáticas, dezenas de helicópteros e aviões operam em apoio ao trabalho de 10.700 bombeiros.

Nesta quinta-feira (25), os bombeiros encontraram quatro corpos carbonizados em uma região montanhosa devastada pelas chamas na fronteira entre Estados Unidos e México, a leste de San Diego (Califórnia), segundo a patrulha da fronteira.

A descoberta foi feita no mesmo dia em que a polícia de condado de San Diego anunciou a descoberta de dois corpos carbonizados em uma casa destruída pelo fogo em Poway, uma das localidades atingidas pelos incêndios que assolam o sul da Califórnia.

No quarto dia de incêndios florestais no sul da Califórnia, o vento forte que soprava do deserto finalmente deu uma trégua. Os bombeiros conseguiram controlar grande parte dos incêndios. Aviões voltaram a molhar as florestas com água misturada a uma substância vermelha, que retarda a propagação do fogo.

A situação melhorou, mas o perigo continua. O vento, que agora sopra do mar para o interior, cria novas ameaças. O desastre já provocou prejuízos de mais de R$ 2 bilhões. Nesta quinta-feira (25), o presidente George Bush visitou a região.

Problema ambiental

As chamas, que se alastram com a ajuda da ação do vento, e estão provocando enormes lacunas na paisagem do sul da Califórnia, podem deixar mais do que apenas uma trilha de destruição depois que finalmente forem extintas.

Os incêndios florestais, que já ocupam o mesmo território da cidade de São Paulo, podem deixar um legado de devastação ambiental que só poderá ser mais bem avaliado no decorrer dos próximos anos, segundo cientistas, sobretudo nas áreas atingidas por incêndios diversas vezes recentemente. É possível que parte do dano jamais seja sanado.

Ervas daninhas e gramíneas que tomam conta da região poderiam ocupar o lugar de plantas e arbustos nativos, acelerando o processo de erosão e resultando em incêndios florestais mais freqüentes.

Os pinheirais, símbolos para muitas comunidades de regiões montanhosas, poderiam ficar apenas na memória.

Pequenos pássaros, coelhos e outros animais que dependem da vegetação da Califórnia, em acelerado processo de destruição, terão de lutar para conseguir alimento, enquanto algumas espécies ameaçadas de extinção ficarão presas em refúgios cada vez mais comprometidos.

Os cientistas afirmam que demoraria anos para sabermos qual foi a extensão dos danos a longo prazo. Eles dizem ainda que nem tudo está perdido: a natureza reserva agradáveis surpresas.

Os incêndios que atingem San Diego abrangem grande parte do mesmo território devastado durante o incêndio "Cedar Fire", em 2003, região que já havia iniciado o lento processo de restabelecimento.

Com as labaredas desta semana, os arbustos nativos e jovens podem não voltar a crescer porque não estavam maduros o suficiente para terem espalhado sementes. Isso poderia permitir que mais plantas invasoras inflamáveis criassem raízes, como afirmam especialistas.

"Se você deseja se livrar de vegetações nativas, é assim que consegue", disse Rick Halsey, do California Chaparral Institute, enquanto observava uma encosta pegando fogo perto de sua casa em Escondido. "O problema agora é que temos um habitat coberto de ervas daninhas exóticas e que podem se regenerar a cada ano e provocar um incêndio todo ano."

Em meados da semana, o incêndio havia atingido cerca de 426 mil acres, do condado de Ventura até a fronteira com o México, engolindo a vegetação seca que incluía arbustos costeiros, montanhas cobertas de árvores e pinheirais no entorno do lago Arrowhead.

A paisagem natural da Califórnia é estruturada para se beneficiar de incêndios periódicos. Muitas plantas nativas, na verdade, precisam de incêndios para germinar.

No entanto, os incêndios florestais são excessivos, tanto em freqüência quanto em intensidade, em parte devido às condições climáticas mais quentes e mais secas.

Se houver reincidência de um incêndio em uma mesma região no período de cinco a dez anos, as plantas nativas mais resistentes podem não ter a chance de amadurecer e gerar sementes. As gramíneas do tipo ervas-daninhas exóticas que germinam rapidamente têm capacidade de se propagar com mais rapidez do que as nativas teriam para se recuperar.

Como essas gramíneas possuem raízes mais superficiais, isso aumenta a possibilidade de erosão e deslizamentos de terra.

"É como um pugilista que é nocauteado e, em seguida, é nocauteado de novo. Ele tem menos chances de se reerguer", explicou Wayne Spencer, biólogo do Conservation Biology Institute de San Diego, referindo-se às plantas nativas destruídas.

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