O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, disse nesta sexta-feira (17) que as tropas norte-americanas estarão bem protegidas sob as salvaguardas do rascunho do acordo de segurança quase finalizado com o governo do Iraque. O tratado dará aos iraquianos alguma autoridade legal sobre as tropas e empresas de segurança dos EUA que operam no país do Oriente Médio. O pacto definirá o papel dos militares norte-americanos no Iraque após o final do mandato da Organização das Nações Unidas (ONU), que expira no fim do ano.
Gates também afirmou que os principais líderes no Congresso norte-americano tiveram reações positivas ao acordo, mas pediram para ter acesso ao texto completo. Funcionários dizem que o pacto inclui prazo para a retirada dos EUA do Iraque até 2012, e um compromisso crucial, embora impopular para os norte-americanos, que dá ao governo iraquiano autonomia limitada para julgar soldados e seguranças norte-americanos que cometerem crimes contra cidadãos do país fora de serviço ou fora das bases militares.
A administração do presidente dos EUA, George W. Bush, ainda não liberou o texto do acordo. Mesmo com algumas aparentes concessões dos norte-americanos, existe uma forte oposição ao pacto dentro do Iraque. O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, deverá submeter o acordo militar com os EUA ao Parlamento iraquiano nos próximos dias.
Protestos
Nesta sexta-feira (17), dia de descanso e preces nos países de maioria islâmica, os pregadores tanto xiitas quanto sunitas protestaram contra o tratado nas mesquitas iraquianas. Em Najaf, um assessor do clérigo xiita Muqtada al-Sadr disse aos fiéis que o movimento sadrista continuará a se opor ao pacto com os EUA "sejam quais forem as concessões que o governo (do Iraque) afirme ter obtido". Os xiitas liderados por Muqtada programaram uma grande manifestação para amanhã em Bagdá, em oposição ao acordo.
E na capital iraquiana, o clérigo sunita Abdul-Sattar Abdul-Jabar afirmou que o tratado é "mais perigoso que a ocupação militar" e fez um apelo ao governo para que não assine o pacto. Ele pediu que o governo faça um referendo para a população iraquiana aprovar ou rejeitar o acordo.
Em outra mesquita, o clérigo xiita Sadralddin al-Qubanji disse que o governo iraquiano manteve conversações secretas com os EUA e os termos do pacto são desconhecidos. Por isso, "o acordo pode ser tanto positivo quanto negativo. Não existe unanimidade nacional sobre o acordo", afirmou.