A "generación ni-ni" é uma espécie de versão espanhola atual para o "engenheiro que virou suco", episódio que ilustrou a crise no mercado de trabalho brasileiro no começo da década de 80.
Desempregado e sem conseguir voltar à área, o engenheiro paulista Odil Garcez Filho pegou o dinheiro que lhe sobrava e montou uma lanchonete na Avenida Paulista. Ele pendurou no caixa o diploma universitário e a caderneta do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea). O nome do estabelecimento foi sugestão da mulher: "O Engenheiro que Virou Suco".
O negócio deu certo por cinco anos, até que uma disparada no aluguel do imóvel o obrigou a fechar as portas. Montou então uma loja de roupas, mas abandonou os planos depois de sofrer um assalto. Voltou a atuar com engenharia, mas foi novamente demitido. Em 1990, descobriu que tinha leucemia. Morreu em 2001.
"Quando olho hoje para a Espanha, vejo uma situação muito semelhante com a do Brasil na década de 80", afirma Claudio Deddeca, professor do Instituto de Economia da Unicamp. "Foram mais de 20 anos para que a economia brasileira crescesse com geração de empregos."